Parece uma rima, mão não é. O atirador, depois de 8h de negociação, entrega-se na Aclimatação. Como se houvesse se aclimatado à ideia de entregar-se.
Conta Fernando Gouvêa, de 33 anos, que estava com a psicóloga, em casa, quando foi abordado por um pessoal que se dizia em “nome da Lei”, entregando-lhe Carta de Interdição Judicial e pronto para interná-lo; que, mediante o expediente, logo se sentiu ameaçado, porque não conseguia identificar os seus eventuais agressores. Quem não se sentiria? Logo, num país, onde a Justiça tem pouquíssima credibilidade perante a opinião pública. Veja-se pesquisa séria, realizada a respeito. Segundo dados fidedignos, o povo só confia na Igreja Católica e nas Forças Armadas. Duas entidades rigorosamente penumbrosas e tumulares. Pobres mortais.
Embora o esquizofrênico seja um paciente que sofra alucinações e sobrevoe um mundo paralelo, podendo ir, desde uma postura de estátua a um salto de asa delta, é um animal que pode conviver com os seres racionais, calmo e eloquente como no caso do atirador. Observe-se depoimento de vizinhos.
O que provoca também inquietante curiosidade é o que fazia Fernando, ao lado de uma psicóloga, com um arsenal de guerra, empilhado dentro de casa. Com a palavra, a Polícia e a Psicóloga. Não é verdade que é proibido portar arma de fogo, com exceção de bandidos filosoficamente desobedientes à Lei? E se o atirador era esquizofrênico, sofria delírio persecutório, por que a psicóloga achava que ele poderia manusear revólver como uma criança se distrai com seu brinquedo?
Acompanhemos a novela que só está começando.
Sosígenes Bittencourt