Tenho a salutar “obrigação” de nutrir minha cota diária de leitura. Leio de tudo, de cultura inútil à coisa séria. Abasteço-me nas mais diversas fontes disponíveis, entre elas, os blogs. Entre as várias revistas eletrônicas visitadas, encontra-se o blog do conceituados jornalista Magno Martins que recentemente, fez uma extraordinária cobertura atinente aos problemas causados pela estiagem em nosso estado.
Muito bem, na manhã de hoje (30) ao abrir o Blog do Magno, deparei-me, na coluna, MINHA CIDADE É LINDA, coluna essa “alimentada” pelos internautas pernambucanos, onde os mesmos, enviam fotos dos pontos turísticos de suas respectivas cidades, como a foto enviada pelo leitor, Felipe Patos, do tanque ornamental da Praça 3 de Agosto.
Diz a matéria ainda:
Conhecida nacionalmente por abrigar a produção da legítima cachaça nordestina, Vitória de Santo Antão é hoje um dos principais centros de produção de destilados do Brasil. Terra dos engenhos de aguardente, a cidade é rica em episódios e pontos históricos. Por tudo isso, Vitória faz parte do roteiro de quem pretende conhecer a história de Pernambuco e curtir as belezas do interior do nosso Estado.
Um dos locais mais visitados pelos turistas é o Parque Tabocas. Criado pelo Governo de Pernambuco em 1978, o local onde hoje está situado o Parque Histórico Estadual das Tabocas foi, em 1645, palco para a primeira batalha entre holandeses, portugueses e brasileiros, episódio que deu início à retirada dos holandeses do Brasil.
(Blog do Magno Martins)
Pois bem, recentemente o Professor e atual Presidente do Instituto Histórico e Geográfico da Vitória lançou um livro, intitulado REPÚBLICA DA CACHAÇA retratando o nosso pioneirismo no segmento dos destilados. Fatos históricos e decisivos à história de Pernambuco e ao Brasil, temos muitos, além claro, da Batalha das Tabocas, marco importante no sentimento pátrio de um povo e na formação do Exército Brasileiro, passando pela liderança do nosso Pedro Ribeiro na Guerra dos Mascates, como também do feito de Mariana Amália do Rego Barreto no episódio da Guerra do Paraguai, sem esquecer dos movimentos revolucionários das nossas ligas camponesas liderada por Francisco Julião.
Contudo, em nome dos vitorienses, agradeço, ao renomeado jornalista a postagem da matéria.
Apenas à titulo de esclarecimento ao nobre jornalista e seus leitores, gostaria de informar que nos pontos turísticos citados pela sua matéria, nossa cidade não está tão linda assim.
A Praça 3 de Agosto (foto da matéria) construída pelo saudoso Prefeito Manoel de Holanda em 1954, está abandonada, o seu tanque ornamental, até pouco tempo servia apenas como uma espécie de “Hotel 5 estrelas” para o mosquitos da dengue. O Parque Tabocas, foi esquecido e encontra-se sucateados há anos, e por que não dizer destruído.
Sendo assim, peço desculpas pela indelicadeza, mais não posso me calar diante de tanta indiferença dos desqualificados (culturalmente falando) políticos vitorienses. Não podemos, sob o ponto de vista histórico, nos acovardarmos e trairmos os nossos heróis do passado. De mãos dadas devemos sim, em voz alta, bradar, Dias Cardoso, avisa à tropa que estamos aqui!
Até hoje não consigo compreender e conceber qual o motivo de tamanho orgulho quanto à vocação de Vitória de Santo Antão para a produção da cachaça. Escreve-se e fala-se com a boca cheia desta cidade como sendo a República da Cachaça. Para mim isto soa como uma espécie de sadomasoquismo, pois basta raciocinar e refletir um pouquinho para se chegar à triste conclusão de que produzimos, e até exportamos, uma desgraça para a humanidade. Qual o benefício da cachaça para os seus consumidores? O que se recolhe com os impostos deste produto compensa os gastos astronômicos que o SUS e o INSS gastam com os efeitos devastadores dessa malvada? E as vidas ceifadas? E as famílias destruídas? Um dia alguém terá de insurgir-se à esta alienação de uma cidade ficar repetindo e conclamando um orgulho tão inconsequente e sem o mínimo de bom senso e inteligência. Basta de tanta demagogia e alienação!