Na Idade Média, afirmava-se que Jesus havia nascido em uma lapa (uma espécie de gruta ou caverna), a morada dos primeiros homens. Por essa razão, foram criadas as lapinhas. Estas se modificaram, segundo Câmara Cascudo, perderam a religiosidade de outrora, assimilaram costumes africanos e indígenas, tornando-se um auto profano, passando a incluir danças modernas e cantos estranhos ao auto. Hoje, ressalta o folclorista, os termos lapinha e presépio são considerados como sinônimos.
Muito bem, independente de termos técnico e definições para a famosa LAPINHA, hoje em poucas casas se observa a armação do cenário do nascimento de Jesus Cristo. Ainda permanece viva, nas minhas lembranças, a grande festa que era ARMAR A LAPINHA lá de casa.
Primeiro era abrir as caixas onde estavam guardadas as peças, embrulhadas com papel jornal para não quebrar ou destacar a tinta. Mesmo com cuidado redobrado, antes mesmo da LAPINHA ser armada, algumas peças já se quebravam e não mais participavam das festas natalinas que se avizinhavam.
Forrava-se o chão do canto da sala com papel, tacava-se terra e muitas pedrinhas, para relembrar um cenário rústico, assim como, espiamos nos livros de história e nas produções cinematográficas que relembram o nascimento do menino Jesus, tudo era novo, tudo era mágico.
LAPINHA armada, muitas caixas vazias e pedras, tipo paralelepípedo, embrulhadas para simbolizar presentes, era a hora de chamas as pessoas para mostrar nosso presépio natalino. Tudo isso, sob a coordenação de Dona Anita, nossa mãe.
Depois das Festas de Reis, aqui em nossa cidade, dedicada ao nosso glorioso Santo Antão, era chegada a hora de desarmar tudo e esperar um “novo natal”. Bem, mas nesse caso já não havia festa, era um rito sumário, realizado pelos adultos, normalmente pela manhã, quando as crianças da casa ainda estavam dormindo.
E viva a LAPINHA.