Sobre Um sentimento e Desejo

imagem para blog em 14 de dezembro 2012

Muito vem se comentando da diversidade sexual, homofobia, homossexualidade e “cura” gay. Mas cura? E se trata de doença ou algum distúrbio? A homossexualidade já não é classificada como doença deste os anos 90, então fica descartada a palavra cura em nosso discurso. O que vamos trazer para este espaço é a ferramenta principal na prática profissional do psicólogo, a escuta.

Não podemos recusar atendimento a quem procura ajuda, seja homo ou hetero. E quando surgirem demandas que apontem para conflitos psíquicos relacionados à orientação sexual, o que faz o psicólogo? Como foi dito anteriormente vamos discutir a escuta psicoterapêutica. É certo que estarei adaptando a linguagem para o blog.

Na resolução do CFP – Conselho Federal de Psicologia a proibição é evidente quanto à adoção de ações coercitivas tendentes a curas e nas expressões de concepções que consideram a homossexualidade doença distúrbios ou perversão. Em minha opinião é utópico psicoterapias que convertam hetero em gay, assim como gay em hetero. Se fossemos caminhar pelo campo da opção as pessoas optavam pela aceitação social.

Mas a dúvida é: não chega ou não chegou até o momento em meu consultório hetero reclamando da orientação sexual que vive, mas temos escutado com frequência a insatisfação de pessoas reprovando sentimentos e desejos sexuais por pessoas do mesmo sexo. Continuar a escutar estes conflitos, caminhando com o outro por onde lhe for permitido não é errado, não fere o código de ética profissional. O ser humano é muito grande e subjetivo, quem poderá falar contra a vontade da pessoa que vive um amadurecimento humano, quem vai dizer que a preocupação em procurar ajuda e priorizar a construção saudável de sua saúde mental não está ou não é eficaz? Quem pode ir contra a pessoa que está à procura de si mesmo?

Nesta escuta o fundamental é o psicólogo está centrado na pessoa que está ali na sua frente, o que provavelmente são sentimentos que não lhe agradam, fere a alma. Uma escuta plena e porque não epistemológica, ajuda o outro a entender-se, compreender-se, seja qual for à nomenclatura. Em suma, como estrutura principal o profissional psicólogo precisa apossar de si a certeza de quem lhe procurou não está interessado em resoluções e fundamentalismos, visa sofrer menos, se conhecer mais.

 

Cleiton Nascimento
Psicólogo
CRP02.14558

24 pensou em “Sobre Um sentimento e Desejo

  1. “Mas a dúvida é: não chega ou não chegou até o momento em meu consultório hetero reclamando da orientação sexual que vive, mas temos escutado com frequência a insatisfação de pessoas reprovando sentimentos e desejos sexuais por pessoas do mesmo sexo.”
    Ora, mas com essa afirmação o dito psicólogo diz acreditar que a heterossexualidade é “construída culturalmente” e não fato natural.! Perigosa afirmação. Pois se o que se observa é as pessoas com tendências homo se sentirem com compulsão pelo sexo, já é um indicativo de que o homossexualismo é distúrbio, desvio sério.
    O fato do Conselho de psicologia fazer política/militância pró movimento gay não indica de forma alguma que homossexuais ou homossexualismo é saudável!
    Se o psicólogo lesse algum compendio de psiquiatria veria/leria que os próprios psiquiatras defendem ser o homossexualismo doença/distúrbio sério. Inclusive com CID própria para si e suas variantes…
    Dentro das ciências da medicina e da psicologia o travestismo frequentemente é subdividido em algumas categorias, entre elas: travestismo fetichista, travestismo exibicionista e travestismo transexual.
    Na Classificação Internacional de Doenças da OMS (CID) o termo travestismo é abordado em dois tópicos: “travestismo fetichista” (F65.1) e “transtornos múltiplos da preferência sexual” (F65.6)[5].

    • Olá Pedro Cesar,

      o início do penúltimo parágrafo de meu texto no qual foi copiado e colado para respaldar sua discussão, você entendeu que a heterossexualidade é construída culturalmente e que a homossexualidade é um distúrbio, desvio sério? Não, não é nada disso, você leu com os olhos, com a emoção.

      Releia e assim vai entender a discussão, inclusive o primeiro parágrafo de meu texto explica e exclui tudo o que você copiou e colou quando coloca a CID no seu comentário. Um lembrete não trabalho com a CID 8 ou 9 e sim a mais atual: CID – 10.

  2. Então se vc trabalha com a CID.10 ou qualquer outra vc acredita que ni mínimo existe algo errado com o ser humano que tem compulsão por pessoas do mesmo sexo.!
    Observo que o senhor psicologo padece de formação relativista típica dos professores atuais.
    Ora, se o cidadão sofre por ter problemas com a sexualidade homo é por que o homossexualismo não integra a “gene” humana: é um desvio da finalidade tanto biológica quanto mental.

  3. Talvez o psicólogo não saiba, mas o homossexualismo, lesbianismo, bissexualismo, transsexualismo e travestismo, segundo os estudos do professores de renome internacional sempre tem sua origem em falhas da educação ministrada a um menino ou a uma menina, que cria em si o complexo de inferioridade em relação aos indivíduos do mesmo sexo; daí querer o menino comportar-se como menina e vice-versa e o medo que eles tem do sexo oposto, por se acharem inferiores. Ninguém nasce gay e ninguém nasce hétero, nascemos “assexuados” (sem desejos sexuais) e a sexualidade vai sendo construída e influenciada pelo ambiente (fatores diversos). O homossexual, muitas vezes é uma criança que se recusa a crescer, se recusa a amadurecer e vive em uma auto-compaixão infantil. Ninguém nasce com a tendência ao homossexualismo, mas que este desequilíbrio se desenvolve na criança ou no jovem por problemas familiares como separações (o menino é criado sem uma presença masculina), brigas dos pais, mãe dominante, pai fraco, obsessão da mãe pelo filho, desinteresse e grosseria do pai (imagem paterna negativa), abandono da criança pelos pais, agressão física e/ou verbal por parte dos pais ou professores, bullying, etc.
    Forte insegurança e complexo de inferioridade (se achar feio, ser obeso – ou não ser sarado -, achar que tem o pênis pequeno), ciúmes do(s) outro(s) irmão(s) (que leva a criança a se fazer de vítima e a adotar um comportamento diferenciado – afeminado e extremamente infantil- para chamar atenção dos pais), ter inveja e as vezes raiva dos outros garotos (mais bonitos, mais simpáticos, mais másculos), timidez e fobia social, ter experiência sexual fracassada ou traumática na adolescência (como por exemplo achar que não vai “dar conta” da menina, falhar na primeira relação, ou ser rejeitado por uma garota, pela qual era apaixonado).
    E olhe que esses fatores já forma estudados a décadas, mas parece que o nobre psicólogo aderiu sem saber na ideologia do movimento gay! uma pena!pois o mesmo demonstra ser interessado em aprender, haja vista seus ensaios sobre o tema possessão e etc. bom dia.

    • Pedro,

      com este (copia e cola) acima, fico mais feliz em saber que você anda pesquisando e lendo sobre o assunto, já não tem neste texto o mesmo conteúdo e direcionamento dos seus textos anteriores, bom saber que faço bem. Continue pesquisando, lendo.

      Quando no final do seu comentário é citado um tema diferente (possessão), voltei a ler comentários de outras publicações e realmente você se faz presente nos textos não no convite que lhe fiz. Sabe do que falo. Até um dia.

  4. … as Escrituras Sagradas são a verdade e autoridade finais com relação a todas as questões pertinentes à moralidade, assim como a fonte de esperança àqueles que estão em dilema com a homossexualidade. Reconhecemos a pecaminosidade dos atos homossexuais em quaisquer de suas formas, de acordo com as Escrituras. Cremos ainda na redenção e libertação oferecidas por Jesus Cristo a todos os que O buscam.

  5. A declaração é de Deus, dada a Moisés em Levítico 18.22 e deixa claro que Deus não admite a relação homossexual sob hipótese nenhuma.
    “Ao anoitecer vieram dois anjos a Sodoma, em cuja entrada estava Ló assentado; este, quando os viu, levantou-se e, indo ao seu encontro, prostrou-se, rosto em terra… instou-lhes muito, e foram e entraram em casa dele… Mas, antes que se deitassem, os homens daquela cidade cercaram a casa, os homens de Sodoma, assim os moços como os velhos, sim, todo o povo de todos os lados; e chamaram por Ló, e lhe disseram; onde estão os homens que à noitinha, entraram em tua casa? Traze-os fora a nós para que abusemos deles… Porém os homens, estendendo a mão, fizeram entrar Ló, e fecharam a porta; e feriram de cegueira aos que estavam fora, desde o menor até ao maior, de modo que se cansaram à procura da porta… Então fez o Senhor chover enxofre e fogo, da parte do Senhor, sobre Sodoma e Gomorra. E subverteu aquelas cidades e toda a campina, e todos os moradores das cidades, e o que nascia na terra.” ( Gn l9 ).

  6. Psicólogos e psicopatas

    por de Olavo de Carvalho

    Não creio que a atração erótica entre pessoas do mesmo sexo seja antinatural e não vejo mesmo nenhum motivo, em princípio, para classificá-la como doença. Também é fato que o termo “homossexualismo” não corresponde a um fenômeno homogêneo e sim a uma variedade de impulsos, desejos e comportamentos, numa gama que vai desde a repulsa ao outro sexo até a completa identificação com ele. Se na linguagem da propaganda condutas tão díspares são reduzidas artificialmente à unidade de símbolos ideológicos, com valores opostos conforme as preferências de quem os use, isso não é motivo para que os profissionais da saúde mental se deixem levar por idêntica histeria semântica e, violando a regra mais básica da técnica lógica, tirem conclusões unívocas de termos equívocos.

    Resta, ademais, um fato incontornável: como toda e qualquer outra conduta sexual humana, o homossexualismo, em toda a diversidade das condutas que o termo encobre, nem sempre emana de um desejo sexual genuíno. Pode, em muitos casos, ser uma camuflagem, uma válvula de escape para conflitos emocionais de outra ordem, até mesmo alheios à vida sexual. É possível e obrigatório, nesse caso, falar de falso homossexualismo, de homossexualismo neurótico ou mesmo psicótico, para distingui-lo do homossexualismo normal, nascido de um autêntico e direto impulso erótico.

    A proibição de dar tratamento psicológico a pacientes que sintam desconforto com a sua vida homossexual resulta num impedimento legal de distinguir entre esses dois tipos de conduta especificamente diferentes, entre o mero impulso sexual e a sintomatologia neurótica, equalizando, portanto, homossexualismo e doença.

    Por outro lado, essa diferença, em cada caso concreto, não pode ser estabelecida a priori, mas só se revela no curso da psicoterapia mesma. É previsível que, uma vez removido o conflito profundo, o interesse pela prática homossexual diminuirá ou desaparecerá nos portadores de homossexualismo neurótico, ao passo que os homossexuais normais continuarão a sê-lo como antes.

    A proibição de distingui-los resulta, portanto, em encobrir a neurose sob uma carapaça de proteção legal, fazendo do Estado o guardião da doença em vez de guardião da saúde.

    A proposta de consagrar aquela proibição em lei revela, nos seus autores, a incapacidade de fazer distinções clínicas elementares, e esta incapacidade, por sua vez, nos dá a prova incontestável de uma incultura científica e de uma inépcia profissional suficientes para justificar que essas pessoas sejam excluídas da corporação dos psicólogos. A autoridade desses indivíduos para opinar em questões de psicologia é, rigorosamente, nenhuma.

    Porém há ainda algo de mais grave. A proposta da proibição acima mencionada vem no contexto de um movimento criado para proibir e punir como “crime de homofobia” toda opinião adversa à conduta homosexual, independentemente da linguagem serena ou inflamada, polida ou impolida, racional ou irracional com que essa opinião se expresse. Pareceres científicos, juízos filosóficos e ensinamentos doutrinais das religiões são assim nivelados, como delitos, aos insultos mais grosseiros e às manifestações mais ostensivas de preconceito e discriminação.

    Com toda a evidência, nenhuma palavra contra a conduta homosexual neurótica ou sã será permitida.

    Ao longo de toda a História, nenhuma outra conduta humana gozou jamais de tão vasto privilégio, de tão abrangente proteção. Nenhuma esteve jamais imunizada por lei contra a possibilidade de críticas. Não o é, por exemplo, nenhuma conduta política. Não o é nenhuma qualidade humana, por mais excelsa e respeitável. Não o é a genialidade artística ou científica, a honestidade impoluta ou mesmo a santidade. Não o é a vida pública ou privada de quem quer que seja. Não o é nem mesmo a conduta usual de um casal heterossexual, freqüentemente criticada como sintoma de trivialidade e falta de imaginação. Não o é, por fim, o próprio Deus, contra o qual se dizem e se escrevem, livremente e sem medo de punição, toda sorte de barbaridades.

    A proteção legal que se reivindica para o homossexualismo é tão claramente megalômana, tão desproporcional com os direitos de todas as demais pessoas e grupos, que resultará em fazer dessa conduta um domínio – o único domínio – separado da vida e superior a ela, intocável, inacessível às opiniões humanas.

    A proposta é tão inequivocamente demencial que o simples fato de que a mídia e o Parlamento cheguem a discuti-la a sério já é prova de que boa parte da sociedade – justamente a parte mais falante e ativa – perdeu o senso inato da distinção não só entre o normal e o patológico, mas entre realidade e fantasia. Segundo o grande psiquiatra polonês Andrzei Lobaczewski (v. Political Ponerology, 2007), isso acontece justamente quando os postos de liderança estão repletos de personalidades psicopáticas, as quais, com suas ações temerárias e sua fria insensibilidade às emoções normais humanas, acabam, quando triunfantes, por espalhar na população em geral um estado de confusão atônita, de falta de discernimento e, no fim das contas, de estupidez moral.

    Homossexuais podem ser pessoas normais e saudáveis? É claro que podem. Mas o que leva alguém a defender mutações jurídico-políticas tão monstruosas quanto aquelas aqui mencionadas não é nenhum impulso sexual, seja homo, seja hetero. É a psicopatia pura e simples. Mais que incompetentes e indignos de exercer a profissão de psicólogos, os apóstolos de tais medidas são mentes deformadas, perigosas, destrutivas, cuja presença nos altos postos é promessa segura de danos e sofrimentos para toda a população.

  7. Cleiton,
    Semelhante ao primeiro comentário que fiz aqui no blog, quero novamente dizer que sou suspeito em te elogiar, embora seja difícil fazer isto com palavras, diante do teu trabalho não me resta outra coisa. Me admira perceber o quanto você enquanto psicólogo se apropria de tantos recursos na sua pratica, a exemplo da pesquisa, a qual se reflete também no desejo que você demonstra ter por escrever, sobretudo e sobre todos os aspectos técnicos, a condição de ser humano, de PESSOA, a qual se adéqua perfeitamente a proposta principal do teu texto, a escuta psicológica.
    Caso eu fosse comentar cada frase do texto, possivelmente apresentaria compreensão acredito próxima ao que você propõe, estou super de acordo com o que tem exposto. Vamos então tomar a frase ”escuta plena”, está deve ser tomada de uma enorme sensibilidade e delicadeza, que consequentemente vem acompanhada de atenção… e faz TODA a diferença no processo terapêutico, principalmente quando o conflito é de ordem sexual e exige muito mais está ESCUTA.
    Se tomarmos por base alguns comentários feitos aqui, nota-se, que a possibilidade desta escuta e compreensão ser alcançada em outros contextos e por outras pessoas talvez esteja distante, contudo, imagino a alegria que você realmente deve ter sentido ao perceber que o “Pedro Cezar” anda lendo a respeito do assunto e trazendo outras percepções a respeito do tema, ainda que distante de uma escuta plena.
    Percebe-se que ainda a muito trabalho a ser feito, para muitos este é um ótimo começo, para outros estender o dialogo seja melhor. Sucesso na caminhada, estou junto, seja comentando, elogiando, aprendendo e quem sabe ensinando.

    Parabéns.

    • Mychelson,

      de antemão, muito obrigado por suas palavras, elogios.

      Posso te dizer que este texto não teria título, assim como não tem foto especifica, pela simples razão da Sensibilidade e Delicadeza que precisaria ou precisa ter o leitor. Fiz o texto e guardei mas precisaria enviar para o blog com título, mas não “poderia ou não seria viável” para este contexto: SOBRE UMA ESCUTA PLENA.

      Você abre esta porta e convida outras pessoas e contextos diferentes para entrar, e acrescento: O que talvez esteja tão distante, seja tão próximo.

      Abraçãoooo

  8. Ana Debora,

    fico agradeço sua postagem, tomo conhecimento deste texto do jornalista Olavo de Carvalho onde vem a acrescentar bastante. A escuta que apresento não tem espaço para significado de palavras (homo, hetero), é uma escuta que não traduz, não reduz o outro, é Hemogéneo.

    Outro ponto importante é quando apresenta que na remoção dos conflitos, o interesse pela prática homossexual diminui. A resolução vem para proibir e encobrir a falhas.

    Mais uma vez obrigado.

  9. Bom Anderson trago para sua apreciação depoimento importante:”Dennis Jernigan é um cantor e compositor de Música cristã contemporânea. Ele é nativo de Oklahoma, e sedia um ministério cristão baseado em música. Jernigan vive em Oklahoma com sua esposa e seus nove filhos. Jernigan é um auto-identificado ex-gay, e está casado com sua esposa há mais de 25 anos.
    Jernigan acredita que sua identificação prévia como homossexual foi relacionada a uma percepção errônea de infância de que ele tinha sido rejeitado por seu pai.”
    Quando eu tinha cerca de 5 anos de idade eu tive um dos meus primeiros encontros sexuais com outro homem. Em um banheiro público, um homem adulto se expôs para mim de maneira ameaçadora. Ainda que eu tenha feito a coisa certa correndo dali, eu ainda me remetia de volta àquele encontro e me perguntava: “Por que ele me escolheu para fazer aquilo? O que está errado comigo? O que o atraiu a mim?” Outro aspecto que me levou a esse processo mental foi o pensamento de que meu pai não me amava, porque ele não me dizia isso. E ele não me tocava de outras formas que pudessem demonstrar isso. Nós não éramos os mais afeiçoados como homens Jernigan! Não é necessário dizer que minha identidade – minha sexualidade – foi afetada pela forma que eu pensava que os outros me notavam e, porque isso aconteceu tão cedo, eu acreditei que tinha simplesmente nascido deste jeito.
    Nesta área eu me sentia tão tímido e com medo de rejeição que me tornei ainda mais egoísta e pervertido em meu jeito de pensar. Enquanto garoto eu precisava de um modelo que me mostrasse a correta masculinidade, mas porque me sentia rejeitado pelo principal homem de minha vida eu, em retorno, o rejeitei e comecei a desejar intimidade com um homem de uma forma pervertida. Por causa desses pensamentos errados eu passei a acreditar que era homossexual.

    • Ana Debora,

      apenas não entendi o “Anderson” no início do comentário, mas realmente não se descarta nenhuma história e se observar ultrapassa culturas. Muito obrigado.

  10. Aproveitando o dialogo que tem se estabelecido está semana, para contribuir gostaria de deixar um trecho da carta aberta aos psicólogos do Brasil por Luciano Garrido, e que serve para conhecimento e orientação aos leitores do blog.

    “Devemos lembrar que o campo de atividade dos psicólogos transcende a dicotomia saúde e doença, e qualquer tentativa de confiná-lo em limites tão estreitos seria um reducionismo teórico inaceitável. A clínica psicológica abarca conceitos muito mais abrangentes, como os de auto-realização, ajustamento e bem-estar pessoal. A psicologia não apenas trata, mas orienta, aconselha, e vai além: auxilia o indivíduo numa busca pelo autoconhecimento, pela transformação pessoal, segundo seus próprios valores e aspirações. Tais práticas já foram amplamente consagradas pela profissão.”

    Deixo em destaque: “Segundo seus próprios valores e aspirações”

  11. Mychelson,

    fico extremamente feliz em tamanha contribuição. Imagino as pessoas lendo e analisando. E como você fez faço agora o deixando em destaque: “O campo de atividade do psicólogo transcende a dicotomia saúde doença”. Luciano Garrido

  12. Imagino que o Luciano Garrido tenha sido muito feliz ao escrever aos psicólogos do Brasil, sua carta traz grande ligação com o que tem sido colocado e discutido aqui no blog durante está semana, além de demonstra propriedade como profissional de psicologia.

    Sendo o texto extenso e o blog não publica comentários contendo link, indico que pesquisem no Google as palavras: midia sem mascara carta aberta, o primeiro site. Garanto que vale apena conferir

    Em outro momento Luciano publica o texto Desejo, logo existo? Que também segue na mesma perspectiva do texto da semana, nele apresenta opinião diferente das sustentadas por militâncias e normatizações, embora seja bastante contestado, observo que seus textos não fere em momento algum o que empoe a resolução 001/1999 do CFP.

    No Google é encontrado facilmente com as palavras midia sem mascara desejo, logo existo.

  13. POR QUE TANTOS PADRES SÃO PEDÓFILOS?

    Por que a instituição que mais prega a castidade e a retidão moral é palco de tantos escândalos sexuais?

    A porta dos fundos da Santa Madre Igreja está aberta. É hora de entrar e conferir a podridão do Vaticano.

    “Idade: 7, 8, 9, 10. Sexo: masculino. Condição social: pobre. Condições familiares: de preferência, um filho sem pai, sozinho – ou com uma irmã. Onde procurar: nas ruas, escolas, famílias. Como fisgar: aulas de violão, coral, coroinha. Importantíssimo: prender a família do garoto. Possibilidades: garoto carinhoso, carente de pai. Sem moralismo. Atitudes minhas: ver do que o garoto gosta e atendê-lo em cobrança à sua entrega a mim. Como me apresentar: sempre seguro, sério, dominador, pai. ”
    Você acaba de ler o diário de um padre condenado a 15 anos de prisão por abusos sexuais: Tarcísio Tadeu Sprícigo. Em 2000, na cidadezinha de Agudos, São Paulo, ele ensinava música para um garoto de 9 anos. Essa era a fisgada. O pagamento? Favores sexuais, prestados durante um ano. Feitas as primeiras denúncias, em 2001, a Igreja o transferiu para Anápolis, Goiânia. Lá, a história se repetiria com mais duas crianças – uma de 13 anos, outra de 5.
    Bizarro. Mas nada incomum. Escândalos assim têm acontecido nos últimos anos, no mundo todo. Só nos EUA, único lugar com estatísticas concretas sobre padres que cometeram abusos sexuais, 4 392 sacerdotes católicos foram denunciados por esse tipo de crime entre 1950 e 2002. Isso dá 4% do total de pessoas que exerceram o sacerdócio no país nesse período. Um número alto, ainda mais tendo-se em mente que menos de 1% da população pode ser classificada como pedófila.
    Os casos com crianças são os mais visíveis entre os que envolvem a sexualidade dos padres. Mas não faltam exemplos em outras searas. Há estimativas, veja só, de que metade dos sacerdotes brasileiros tenham amantes. Boa parte deles, homens. E denúncias de que o Vaticano abriga uma grande comunidade gay, com chefões da Igreja fazendo sexo sadomasoquista. Também existem milhares de sacerdotes que largam a batina a cada ano para casar e ter filhos. E os que matam os filhos para não ter de largar a batina. Isso é um pouco do que você vai ver nestas páginas.

    O sexo dos anjos
    A bomba sobre a sexualidade dos padres estourou lá fora em 2004, com a publicação do Relatório John Jay – um estudo encomendado pela própria Confederação de Bispos Católicos dos EUA à Faculdade de Justiça Criminal John Jay, de Nova York. Foi de lá que saiu o dado sobre a existência de milhares de padres acusados de pedofilia no país. Tudo apurado a partir de acusações feitas às dioceses, não à polícia. A iniciativa de pedir o relatório foi o ponto culminante de um escândalo que tinha começado dois anos antes, quando o então arcebispo de Boston, cardeal Bernard Law, confessou ter protegido um padre que, sabia ele, tinha molestado crianças. Daí para a frente acusações e processos se avolumaram, trazendo à tona casos que tinham acontecido desde a década de 1940.
    E agora o assunto volta aos holofotes por aqui. Imagine um dos mais respeitados defensores dos Direitos Humanos no Brasil. Um protetor de moradores de rua, de internos da Febem e de crianças soropositivas, admirado pelos movimentos sociais. Padre Júlio Lancelotti. Na metade de outubro, ele denunciou o ex-interno Anderson Marcos Batista, de 25 anos, e sua mulher, Conceição, de 44, ambos com antecedentes criminais por acusações de furto e tráfico. Em 3 anos, o casal extorquiu do padre R$ 150 mil – ou R$ 600 mil, segundo o próprio Batista. Uma das compras do ex-interno foi uma picape Pajero, em que colou um adesivo – “Deus é fiel”. Para conseguir o dinheiro, o casal fez uma série de ameaças. Uma delas, denunciar à imprensa que Lancelotti teria abusado sexualmente do filho de Conceição, de 8 anos. De vítima, o padre virou acusado.
    Foi na Febem que o padre conheceu Batista, então internado por roubo. Lá, diz ter sido abusado pelo padre aos 16 anos. Batista afirma que, depois de liberado, manteve um relacionamento sexual de 8 anos com o padre, em troca de dinheiro.
    Não há provas dessas acusações, tampouco o padre apresentou explicações convincentes sobre a origem do dinheiro. E, ao ser indagado sobre o que o levou a pagar Batista por 8 anos, disse que “era para mudá-lo pelo bem, não pela força”.
    No fim das contas, a história parece toda mal contada, em ambos os lados. E pode muito bem refazer o trajeto do famoso caso da Escola Base, em São Paulo quando os donos do colégio foram falsamente acusados de violentar seus alunos. Apesar da falta de provas, a imprensa divulgou o caso com estardalhaço. A escola fechou. Aí, depois que o mundo dos acusados já tinha caído, a polícia concluiu que todos eram inocentes. É possível que isso se repita com o padre Júlio. Que ele nunca tenha molestado uma criança. Mas, seja qual for o desfecho dessa história, ela é só mais uma entre tantas acusações de cunho sexual contra sacerdotes da Igreja Católica.
    E o problema não é só com eles: tribunais de Justiça dos EUA e da Irlanda já decidiram que a Igreja, como instituição, é tão responsável quanto os padres pelos crimes que eles cometeram. No ano passado, 14,7 mil crianças irlandesas receberam um total de 1,3 bilhão de euros em indenizações por terem sofrido violências sexuais nas mãos de padres. Nos EUA, a arquidiocese de Boston foi condenada em 2002 a pagar US$ 85 milhões a 552 vítimas. Em 2007, a de Los Angeles desembolsou mais ainda: US$ 600 milhões, para 500 pessoas molestadas por sacerdotes. Além disso, escândalos se avolumam até nas altas cúpulas: o cardeal austríaco Hans Hermann Groër, chefe da Igreja de seu país, e o arcebispo George Pell, da Austrália, chegaram a se afastar dos cargos nos últimos anos após acusações de pedofilia.
    É evidente, também, que a Igreja Católica não detém o monopólio dos escândalos sexuais. No Sri Lanka, por exemplo, um monge budista se matou após ser condenado a 20 anos por pedofilia. Nos EUA, um rabino de Nova York foi preso em 2006, acusado de molestar crianças.
    Mesmo assim, não dá para negar a associação entre padres e abusos sexuais. E a pergunta é óbvia: por que, num ambiente que prega a castidade e a retidão moral, isso acontece tanto?

    A motivação
    Há várias hipóteses possíveis, nenhuma excludente. Número 1: falta de punição. Os líderes locais da Igreja abafam os casos, deixando os abusadores livres da Justiça comum. Nisso eles ficam soltos para continuar praticando crimes. Dos 4 392 padres acusados no Relatório Jonh Jay, por exemplo, só 14,1% foram denunciados à polícia. O resto das acusações morreu dentro das dioceses, acobertado por líderes como o cardeal Bernard Law. O caso do padre Tarcísio também ilustra isso. Em vez de denunciá-lo à Justiça, seus superiores apenas transferiram-no de paróquia. E ele pôde continuar agindo.
    Número 2: o padre é uma figura respeitada no seu círculo social. Um criminoso de batina, então, tem grandes chances de se aproveitar desse poder. É o que fez Hélio Alves de Oliveira. O padre Helinho dirigia um colégio católico em Rio Claro, São Paulo. Em 2004, ele foi condenado a 16 anos de prisão por atentado violento ao pudor. Helinho abusava de 3 meninos que tinham entre 8 e 10 anos. As crianças tendiam a obedecê-lo e ficar em silêncio.
    A 3º hipótese é o celibato, uma das mais polêmicas instituições da Igreja. E uma das mais antigas. A origem dela se confunde com a das próprias religiões. Sua função, historicamente, é fazer com que o religioso se desapegue do mundo material. Ela está no hinduísmo, que tem 5 mil anos de história, por exemplo. O budismo, que começou por volta do ano 500 a.C., teve seus primeiros dias como uma ordem de monges que via no celibato uma forma de eliminar o desejo – e, de quebra, o sofrimento com as frustrações.
    Na Europa, o celibato existe pelo menos desde a Antiguidade Clássica, seja entre filósofos, como Pitágoras – ele acreditava na falta de sexo como uma forma de alcançar o equilíbrio –, seja entre sacerdotes de cultos arcaicos, como o maniqueísmo e o hermeticismo. E no fim das contas chegou aos cristãos. Em boa parte, por influência de um homem que louvava o celibato, o apóstolo Paulo de Tarso, maior divulgador do cristianismo durante o século 1. No ano 306, o concílio regional de Elvira reformulou as leis da cristandade e decretou que, mesmo casados, padres e bispos deveriam abster-se do sexo. Dezenove anos depois, outro concílio, o de Nicéia, proibiu que padres vivessem com mulheres que não fossem sua mãe, irmã ou tia. Mas o casamento só foi abolido de vez depois que o papa Gregório 7º reforçou a imposição ao celibato, a partir de 1074.
    A instituição nunca deixou de ser questionada, claro. Principalmente na Reforma Protestante, dos séculos 16 e 17. Para os reformadores, além de ir contra os ensinamentos bíblicos, o celibato era uma das causas para “abominações e más condutas sexuais” dentro do clero.

    Vida sem sexo
    Aqui é preciso abrir um parêntese na história da Igreja para ouvir o que a ciência tem a dizer. Você sabe: a idéia do celibato parece totalmente contra a natureza. Para o grosso da população mundial, passar o resto da vida sem sexo não fica atrás de ser condenado à prisão perpétua. Mas e aí? Dá mesmo para viver sem sexo? “Dá, sim”, diz o psicoterapeuta sexual Oswaldo Rodrigues Jr., diretor do Instituto Paulista de Sexualidade. “Se uma pessoa tem um projeto de vida racional que implique celibato, ele é viável. Não atrapalha.”
    A estimativa é que 2,5% dos homens e 7,7% das mulheres escolheram o celibato como modo de vida. “E eles fizeram isso porque não sentem necessidade de atividade sexual. São pessoas para quem o sexo não tem apelo. Esse dado precisa ser levado em conta, porque mostra que nem para todos o celibato é um sacrifício”, diz a psiquiatra Carmita Abdo, da USP, coordenadora do Projeto Sexualidade (Prosex), que chegou a esses números.
    Por esse raciocínio, o celibato funciona se a grande motivação para ele for o desejo de não fazer sexo. Ok. Mas não é o que acontece na Igreja. Quem vira padre o faz porque quer dedicar sua vida a fazer o bem; porque sente prazer em ajudar; porque quer dar conforto espiritual. A princípio, ninguém parte para o sacerdócio porque não quer transar nunca mais. Mas não há escolha. O celibato na Igreja é uma condição, não uma opção.
    Os números falam por si. Se existem 400 mil padres hoje no mundo, também há 150 mil pessoas que largaram a batina para casar. E mais: “No Brasil, cerca de 50% dos sacerdotes teriam amantes. Esta prática de não cumprir o voto de castidade está se espalhando pela Europa e pelos EUA”, disse o teólogo Aldo Natale Terrin, da Universidade Católica de Milão, à rede britânica BBC. E emendou: “As autoridades eclesiásticas erram ao afastar os casados do sacerdócio e manter os que cometem abuso sexual e pedofilia”.
    Mas alguns sacerdotes que furam o bloqueio não têm estrutura para encarar as conseqüências. Foi o que aconteceu com o padre mexicano Dagoberto Arriaga. Sua fuga do celibato lhe rendeu um filho. Com medo de ser expulso da Igreja, ele matou a criança em 2005. Acabou condenado a 55 anos de prisão.
    Com uma realidade dessas, o Vaticano deve estar mudando a cabeça em relação ao celibato, certo? Errado. No fim de 2006, o cardeal brasileiro dom Cláudio Hummes, considerado progressista dentro da Igreja, foi transferido para Roma, como chefe da Congregação para o Clero no Vaticano. Sua tarefa era cuidar de problemas relacionados ao comportamento de padres. Numa entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, disse que “apesar de o celibato fazer parte da história e da cultura católicas, a Igreja pode reverter essa questão”. Mas estamos em tempos de conservadorismo no Vaticano. Bento 16, lembre-se, prega a castidade não só entre os sacerdotes mas entre os fiéis também. Todo mundo só devia transar para se reproduzir, diz o papa. Baita saia-justa defender o fim do celibato numa situação dessas. Hummes até precisou se retratar ao Vaticano, dizendo que o assunto não está em discussão.
    Mas deveria estar. É o que pensa Eliana Massih, psicóloga do Instituto Terapêutico Acolher, uma instituição autônoma que se dedica a aconselhar padres pedófilos: “Quando se propõe a vida celibatária, a idéia é que a falta de sexo seja compensada pela vida comunitária. Mas isso nem sempre acontece”, afirma. E completa: “Há pessoas que têm vocação para o sacerdócio, mas não para o celibato”.
    Rodrigues concorda: “O celibato imposto provoca frustração, incômodos, mal-estar. E, conseqüentemente, ansiedade e um estresse crônico”. Certo. Mas existe outro problema. Ainda mais grave.

    Em pele de cordeiro
    A imposição do celibato e a pedofilia podem andar de mãos dadas. Expliquemos. A idéia de não fazer sexo é um potencial atrativo para gente que quer fugir da própria sexualidade. Essas pessoas são aquelas com “conflitos sexuais”, como dizem os psicólogos. Pode ser um homossexual que acha sua preferência um pecado ou um pedófilo que não compreende seu desejo por crianças, por exemplo. “Esses conflitos podem fazer com que pessoas busquem ordens religiosas onde o celibato é obrigatório para se livrar do mal-estar que sentem”, diz Rodrigues.
    Juntar essas contradições internas ao estresse do celibato é uma mistura explosiva. E ajuda a explicar por que existem tantos escândalos de pedofilia na Igreja.
    Mas não é o suficiente. Para entendermos melhor o fenômeno, temos de olhar para as circunstâncias em que os abusos contra crianças acontecem.
    Os atos de pedofilia não ocorrem na calada da noite, numa rua deserta. Os abusadores precisam ter acesso à intimidade da vítima e à confiança das pessoas em volta. Por isso aparentam ser pessoas sérias – afinal, quem vai confiar o filho a alguém que pareça um… pedófilo? Eles são, em geral, ou do círculo familiar – pai, parentes, vizinhos – ou profissionais insuspeitos, com livre acesso às crianças e posição de responsabilidade. Aí entram professores, instrutores de acampamento, líderes religiosos. Padres.
    Em 2005, o governo da Irlanda encomendou um relatório para estudar o abuso de mais de 100 crianças por clérigos da diocese de Ferns, no sudeste do país. Muitos desses homens eram vistos como pessoas espirituais, bem-sucedidos e dedicados à sua paróquia. E é exatamente a imagem de pedófilos como pessoas sinistras que faz os abusos sexuais permanecer indetectáveis por muito tempo.
    Como o pedófilo consegue chegar à vítima? Abusar sexualmente não é tão fácil quanto roubar pirulito. Segundo o relatório Ferns, em geral o abuso acontece depois de um longo e bem planejado processo. O agressor sempre cria as circunstâncias propícias, se tornando amigo das famílias com crianças. Para facilitar, ele procura crianças vulneráveis. Em casas assistenciais, por exemplo. E as intimida para obter o silêncio.
    Tarcísio, o padre do diário, foi transferido de Agudos, São Paulo, para Anápolis, Goiânia. Lá conheceu um coroinha de 13 anos. Aproveitou a pobreza da família para convidá-lo a morar na paróquia. Um mês depois, passou a assediá-lo, tentar fazer sexo. Um dia, o pré-adolescente chegou bêbado em casa e contou tudo à mãe. Então Sprícigo trocou de vítima: agora um garoto de 5 anos. Novamente, a música como isca: durante aulas de violão, o padre fazia o mesmo que fez com sua vítima de Agudos. Tentou até penetrá-lo, mas não conseguiu por causa dos gritos de dor da criança.
    Para se proteger, o padre Tarcísio fazia suas vítimas jurar diante de uma imagem de Jesus Cristo que manteriam segredo. Atração e intimidação. Um dia, a criança chegou em casa dizendo: “Vovó, eu sei fazer amor”. A avó perguntou quem havia ensinado, mas a criança se recusava a contar – “Mamãe vai me bater”, dizia. Quando a avó a convenceu de que não apanharia, contou – “O padre Tarcísio me ensinou”. O sacerdote pressionou para que a família silenciasse. Mas não conseguiu.

    Gays e a Igreja
    O Relatório John Jay traz um dado intrigante: dos padres pedófilos, 64% abusaram somente de meninos, enquanto 22,6% abusaram somente de meninas. É o inverso do que acontece na população geral, em que mais meninas sofrem abuso. Seria então a porcentagem de homossexuais na Igreja maior do que fora?
    Para o psicoterapeuta americano Richard Sipe, sim. Richard é um ex-padre casado com uma ex-freira missionária e que já foi professor, conselheiro e psicoterapeuta de mais de 1 000 clérigos com histórico de envolvimento sexual.
    Com base em suas experiências, ele diz que metade dos padres mantém relações sexuais (como disse Aldo Terrin sobre os sacerdotes daqui). E mais: que 30% dos padres têm amantes mulheres; 15%, amantes homens; e cerca de 5% teriam “comportamentos problemáticos” (como a pedofilia) – uma proporção parecida com aquela do Relatório John Jay.
    Se Sipe estiver certo, a porcentagem de gays ativos dentro da Igreja chega a ser em média o dobro do total de gays da sociedade brasileira. Segundo a maior pesquisa já feita no Brasil sobre o assunto, o Projeto Sexualidade, de 2004, 7,9% dos homens são homo ou bissexuais. É quase a metade do que Richard observa na Igreja.
    A Igreja sabe da existência de padres homossexuais e isso preocupa o conservador Bento 16. Em novembro de 2005, o Vaticano aprovou uma instrução que fecharia as portas para os gays. Segundo ela, a Igreja não pode admitir ao seminário quem pratique atos homossexuais, que apresentem “tendências homossexuais profundamente arraigadas” ou que apóiem a cultura gay. E quem tiver tendências homossexuais “transitórias” precisa superá-las 3 anos antes de ser ordenado.
    E o que dizer de padres homossexuais que seguem à risca o celibato? Eles existem, claro, assim como existem padres heterossexuais que seguem à risca o celibato. Mas seriam eles pecadores? Não necessariamente. O catecismo católico diz, por um lado, que atos homossexuais não podem ser aprovados em caso algum, pois a Sagrada Escritura os apresenta como pecados graves. Seriam “intrinsecamente desordenados”. Por outro, o catecismo afirma que pessoas com tedências homossexuais devem ser acolhidas com respeito e delicadeza, sem qualquer traço de discriminação.
    Segundo o padre Edênio Valle em seu artigo A Igreja Católica ante a Homossexualidade, quase todos os estudiosos católicos de hoje concordam que atração pelo mesmo sexo não é uma opção, mas, sim, algo imposto pelo destino, assim como nascer homem ou mulher. Logo, não é uma questão moral nem há lugar para a culpa – ninguém é bom ou mau por ter sentimentos que não pode afastar de si. O pecado estaria na aceitação dos atos homossexuais. E não nos gays em si.
    Que o diga o próprio Vaticano: um artigo da revista americana Newsweek conta que, segundo alguns funcionários da Santa Sé, a sede da Igreja teria uma comunidade gay “underground”. Como não sobreviveriam em suas paróquias, muitos padres homossexuais teriam sido levados para o Vaticano, onde receberiam alguma função burocrática.
    Foi à sombra da Basílica de São Pedro, aliás, que aconteceu um dos maiores escândalos dos últimos tempos envolvendo homossexualidade na Igreja. Em outubro, o monsenhor Tommaso Stenico, alto funcionário da Congregação para o Clero, convidou um jovem que ele tinha conhecido num chat sadomasoquista na internet para uma visita a seu escritório, em pleno Vaticano. O que ele não sabia era que o rapaz estava fazendo uma reportagem sobre a vida sexual de sacerdotes para uma rede de TV. E que tinha entrado em sua sala com uma câmera escondida.
    Stenico pergunta “Você gosta de mim?” e elogia a beleza do jovem. Quando vê que o bote do monsenhor é iminente, o repórter à paisana dispara: “Mas isso não seria um pecado aos olhos da Igreja?” Stenico diz que não. Depois se enche das recusas do rapaz e o leva embora. Não sem antes dizer “Você é muito gostoso…”
    O programa não identificou o monsenhor. Mas os superiores dele reconheceram o escritório. E o Vaticano suspendeu-o imediatamente. Para se defender, Stenico disse que se fazia de gay para ajuntar informações sobre pessoas envolvidas num complô para seduzir padres à homossexualidade e desacreditar a Igreja.

    E o Vaticano?
    Seria absurdo dizer que o catolicismo apóia abusos sexuais. O direito canônico, isto é, a lei da Igreja Católica, coloca os pecados dessa estirpe entre os mais sérios, junto com o homicídio. No entanto, a cúpula da Igreja parte do pressuposto de que só ela deve julgar os pecados cometidos por seu clero, e isso dificulta que os crimes sexuais sejam levados à Justiça. “A responsabilidade sobre o padre [acusado de má conduta sexual] é do bispo da diocese a que ele pertence”, diz o padre Geraldo Martins, assessor de comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Em casos graves, o padre é expulso da Igreja.
    Em 1962, o papa João 23 teria enviado a bispos e arcebispos do mundo todo um documento secreto chamado Crimen Sollicitationis. Ele instruía os chefes da Igreja a lidar com padres que abusaram de crianças e impunha um alto grau de segredo a todos os envolvidos nesses casos. A pena para quem abrisse a boca era a excomunhão automática – incluindo as testemunhas e os acusadores.
    Em Crimen Sollicitationis, se a acusação fosse considerada infundada, todos os documentos com essa acusação deveriam ser destruídos. Se houvesse alguma prova vaga, o caso seria arquivado até a chegada de uma evidência contundente de fato. Já se a prova fosse forte, mas insuficiente, o acusado levaria uma advertência e o processo seria mantido sob observação. Caso a prova fosse definitiva, o acusado seria levado a um julgamento dentro da Igreja.
    Em 2001, o papa João Paulo 2o publicou o Sacramentorum Sanctitatis Tutela, esboçando novas normas para graves ofensas. Em seguida, a Congregação para a Doutrina da Fé discutiu e explicou essas normas numa carta a todos os chefes religiosos do mundo, assinada pelo então cardeal Joseph Ratzinger, hoje Bento 16.
    Segundo essa carta, a Congregação, no Vaticano, continuaria a ter competência exclusiva em relação a certas ofensas graves – entre elas, as ofensas sexuais com menores de 18 anos.
    Mas, apesar da exposição cada vez maior na mídia, os crimes sexuais estão diminuindo. Essa é mais uma das conclusões do Relatório John Jay. Ele mostra que padres ordenados na década de 1960, por exemplo, cometeram 25,3% dos abusos sexuais contra crianças entre 1950 e 2002. Os que entraram para a Igreja nos anos 70 respondem por 19,6%. E a queda continua. Só 8,4% dos crimes são obra de padres ordenados nos 80. Os mais jovens, que entraram de 1990 em diante, formam apenas 2,3% do total.
    Mas o que explica essa queda? Paz na terra
    Um dos motivos para a melhora está nos programas de tratamento de desordens psicossexuais de clérigos. Até os anos 50, a atividade sexual do padre era vista como um problema exclusivamente moral ou espiritual, segundo Richard Sipe. Homossexualidade e pedofilia eram “tratados” apenas com a transferência de paróquia ou com “renovações espirituais”.
    Depois, passaram do campo somente moral e espiritual para o científico. Finalmente, foi reconhecida sua dimensão psicológica. Em 1976, a congregação religiosa americana Serventes do Paracleto abriu o primeiro programa para tratamento de desordens psicossexuais, o que incluía abuso de menores. O tratamento ficou tão high-tech que padres que não respondem à terapia convencional recebem uma castração química com o medicamento Depo-Provera, que diminui os níveis de testosterona e, conseqüentemente, a libido em homens. Ironicamente, o Depo-Provera é um anticoncepcional, tão combatido pela Igreja Católica.
    No Brasil, o mais importante centro de tratamento de padres é o Instituto Terapêutico Acolher, presidido pelo padre. Edênio Valle, professor de psicologia da religião da PUC-SP. De acordo com Eliana Massih, existe uma grande preocupação da Igreja Católica sobre sexualidade e desvios de conduta associados. Além da assessoria de psicólogos, há a publicação de artigos sobre sexualidade em periódicos como a Revista Eclesiástica Brasileira, com circulação entre o clero.
    Mas a Igreja consegue mesmo garantir que seminaristas escolham a vida sacerdotal como algo bom para si, em vez de uma fuga de sua sexualidade? “Não completamente. Mas em grande parte sim”, diz Massih. Hoje, a Igreja faz uma “operação pente-fino” antes de admitir um seminarista, com uma sabatinada de avaliações psicológicas.
    Outro ponto que ajuda é a própria conscientização dos clérigos para não deixar que crimes de seus colegas passem em branco. “Hoje, qualquer padre responsável e consciente de seus deveres toma as medidas necessárias segundo a lei”, diz o padre Edênio.
    Segundo a lei e segundo a própria fé cristã, que reza: não faça ao outro aquilo que não quer que façam com você.
    Aconteceu em Mariana (MG). O padre Bonifácio Buzzi, na época com 41 anos, foi denunciado e preso por levar um garoto de 11 anos à beira de um rio “para pescar” – na verdade, ele passou um longo tempo fazendo sexo oral na criança e tentou comprar-lhe o silêncio com R$ 5. Foi a 2a denúncia contra o padre – 13 anos antes, ele teria molestado um menino de 5 anos e outro de 11.
    Causo de pescador – Abril de 2002
    Em São João do Triunfo (PR), o padre Jacinto César Parachuk, na época com 35 anos, foi preso em flagrante por molestar um garoto de 14 anos. Ao depor, o menino disse ter sido atraído por uma oferta de R$ 10 para cortar grama. Dois anos antes, outra acusação de abuso havia provocado a expulsão do padre do quartel do Exército em Uruguaiana, RS, onde foi capelão.
    Dose dupla – Maio de 2003
    Diretor de uma casa de assistência na região de Sorocaba (SP), o padre Alfieri Eduardo Bompani, de 62 anos, abusou de 13 crianças entre 6 e 10 anos. Ele chegou a registrar os casos em uma pasta de seu computador chamada “Contos Homossexuais”. Em 2003, foi condenado a 93 anos de prisão. A Igreja Católica terá de desembolsar R$ 3,2 milhões em indenizações às vítimas.
    Diário macabro – Agosto de 2006
    Uma câmera de celular flagrou o padre Sebastião Braga fazendo sexo com um garoto de 11 anos na casa paroquial de Comendador Gomes, MG. O padre, acusado de abusar sexualmente de 6 garotos, confessou os crimes e disse ter feito tudo inconscientemente. Ao deporem, duas crianças contaram que o padre pagava às vítimas de R$ 10 a R$ 80.
    No celular – Dezembro de 2006
    O padre Djalma Brito Mota, de Ichu, BA, foi sentenciado a 7 anos e 7 meses de prisão por corromper adolescentes em 2005 e 2006. Em 2005, levou o adolescente J.N.S. para fazer um exame oftalmológico em Feira de Santana. Na volta, trocou carícias com ele. Um dia depois, pagou R$ 10 para que o garoto e um amigo participassem de uma pequena orgia na casa paroquial.
    De olhos abertos – Outubro de 2007
    Na época com 40 anos, o padre Paulo Sérgio Maria Barbosa foi flagrado com um adolescente de 14 anos dentro de um Gol, num canavial em Corumbataí (interior de SP). No carro havia 48 fotos de meninos, camisinhas e uma revista com capa sobre pedofilia. Dom Eduardo Koaik, bispo de Piracicaba, levantou a suspeita de armação. “O padre é respeitoso com todas as pessoas”, afirmou.
    No carnaval – Maio de 2002
    Foi na frente de um drive-in em Marília (SP) que o pai de duas meninas, de 15 e 16, surpreendeu José Balikian. O padre se relacionava com as duas havia um ano e meio. Foi preso após o pai apresentar 150 e-mails enviados pelo religioso às garotas.
    Fonte: Superinteressante

  14. Dona Jordânia de onde a senhora copiou e colou essas informação sobre Igreja católica? o texto é muito raso, superficial….
    Alguns dos padres pedófilos são na verdade uma pequena minoria no catolicismo. veja que no mundo existem mais de 490 mil Padres catolicos, e o numero do doentes pedofilos/gays é infinitamente inferior a maioria;
    Sem dúvida alguma, uma das questões mais importantes do catolicismo é sua proibição ao casamento dos padres.
    e, mesmo assim, nenhum homem é obrigado a se manter padre se sente fortes desejos sexuais. Ele pode simplesmente largar a batina e se casar com uma mulher. Mas se seus desejos não são normais — isto é, se ele se sente atraído não por uma mulher, mas por outros homens ou meninos —, o casamento com uma mulher é inútil para resolver seus problemas.
    Portanto, o celibato não está levando automaticamente os padres à pedofilia, como imaginam alguns, pois um padre que quer casar tem a liberdade de largar a batina e escolher uma esposa. Nenhum padre é obrigado a estuprar meninos se sente desejos sexuais. Esse problema tem outra causa.
    A questão do abuso sexual de meninos também é mencionada no Novo Testamento, embora tal menção ocorra somente no original grego: “Não sabeis que os injustos não hão de herdar o Reino de Deus? Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o Reino de Deus”. (1 Coríntios 6:9-10 RC, o destaque é meu.)

    Essa passagem menciona dois tipos de homossexuais: os efeminados e os sodomitas. De acordo com o léxico grego do programa Online Bible (versão 2), a palavra efeminados vem da palavra grega malakos, que significa delicado, suave, o homem que submete seu corpo à imoralidade contra a natureza; prostituta masculina. De acordo com o léxico analítico do programa Bible Windows (versão 6.01), a palavra sodomitas vem da palavra grega arsenokoites, que significa um adulto do sexo masculino que pratica relações sexuais com outro adulto ou menino do sexo masculino. Assim, o termo sodomita aí pode ser traduzido homossexual ativo e pederasta. A palavra arsenokoites também se encontra em 1 Timóteo 1:10.
    Outra versão da Bíblia declara: “Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos, nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus”. (1 Coríntios 6:9-10 NVI, o destaque é meu.)
    Efeminados, ou homossexuais passivos, são os homens com trejeitos, delicados e suaves, que agem e fazem papel de mulher. Sodomitas, ou homossexuais ativos, são os homens que fazem papel de “macho”, usando outro homem (ou menino) como se fosse mulher. Embora as duas condutas homossexuais sejam biblicamente condenadas, o abuso sexual de meninos está diretamente ligado não aos efeminados, mas exclusivamente aos sodomitas.
    O que a realidade também mostra? Um pediatra que estupra meninos comete esse tipo de crime só porque é pediatra? Claro que não. Ele faz isso porque tem problemas homossexuais. No caso do padre pederasta, não é diferente: ele tem preferência sexual por meninos justamente porque tem os mesmos problemas. É exatamente essa informação importante que os meios de comunicação estão deixando de divulgar para o público. Isso é não é um tipo de censura astuta?
    É de chamar a atenção como a mídia mostra todos os detalhes de escândalos de abuso sexual contra meninos sem nunca mencionar a palavra homossexual. O noticiário da TV também mostra pediatras e outros profissionais envolvidos em crimes sexuais contra meninos, sempre omitindo o termo gay ou homossexual, porém jamais omitindo a palavra pedofilia.
    Pedofilia é o termo geral que designa o abuso sexual contra meninos e meninas. Pederasta é um termo mais restrito que se aplica somente aos homens que abusam de meninos. De acordo com o atual Dicionário Merriam-Webster, pederasta vem da palavra grega paiderastes, que significa literalmente amante de meninos. Na sua primeira versão, do século XIX, o Dicionário Webster definia assim pederastia: sodomia, crime contra a natureza. O próprio Dicionário Aurélio destaca que, por extensão, pederastia significa homossexualismo masculino. Assim, todo pederasta é pedófilo e homossexual ativo (ou sodomita), mas nem todo pedófilo é pederasta.
    A mídia liberal aplaude indisfarçadamente os homens que assumem (como vc e o amigo psicólogo,acredito)publicamente sua homossexualidade, como se os estivesse ajudando a se libertar de um estado de opressão — e esse ato de assumir se chama sair do armário. Na verdade, muitos praticantes do homossexualismo só se assumem publicamente pela metade, deixando escondidas no fundo do armário suas preferências sexuais que o público ainda não está preparado para aceitar. Por quanto tempo a pederastia deles ficará no armário?
    Contudo, o tratamento dispensado aos padres que “gostam” de meninos é totalmente diferente e inverso. A pederastia deles é arrancada do armário, mas o homossexualismo não. Numa genuína atitude de preconceito e intolerância contra a verdade, os liberais fazem tudo o que podem para que o homossexualismo dos padres pederastas nunca saia do escuro armário dos segredos homossexuais.
    No caso dos padres que conseguem esconder sua homossexualidade, um casamento com uma mulher adiantaria? Um casamento seria a solução para padres com tendências pederastas? Sabemos que os praticantes do homossexualismo são capazes de se casar, ter filhos e manter uma vida dupla — às vezes até de pederastas. O casamento, nesse caso, só funciona para acobertar crimes.
    Já que o casamento em si não resolve o problema de padres (ou turistas, psicólogos, jornalistas, pediatras, professores, etc.) que gostam sexualmente de meninos, o que então resolve? Na questão católica, lidar diretamente com a raiz do problema: a presença homossexual no clero católico. Entretanto, a intenção da mídia não é ajudar o clero católico a lidar com esse problema, mas usar o problema — não contra o homossexualismo — mas contra o próprio clero e seus valores conservadores.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *