Ao ser que se oculta atrás da porta,
Jamais aberta a venda de passagem,
Da linguagem em que a verdade aborta,
Não busques se não estás na outra margem.
Do rio em cada curva detém o seu curso
Para embarcar os incautos candidatos ao ideal,
Que, não disponho nem de bússula e um recurso,
Desesperam com as absurdas respostas do real.
Pois o dia cruel e inclemente te espera
Com a luz bastarda e órfã da essência
Para fazer dos teus sonhos uma quimera.
Daí recolher-me a tudo que acena
Apenas com as rudes mãos da existência,
Pois, sem ser, o ser não vale a pena.
Ubirajara Carneiro da Cunha é Advogado, poeta e escritor vitoriense.