Não sei porque é
que às vezes
fico assim tão diferente
desconhecida de mim.
O mundo parece grande
igual a imensa bola
e eu pequenino grão.
Mas tem também outro dia
em que a enorme sou eu.
Por quê?
Por que será que é assim
tamanha a variação?
Hoje alegre, amanhã triste,
bela a tarde, monstro ao dormir?
E tem ainda o instante
em que a velhice ataca.
Que aconteceu à infância,
juventude, adolescência?
Por que tanto tempo agora
se era tão pouco atrás?
Por quê?
Por que será que é assim?
Então eu fico cismado
buscando pra indagação
a resposta verdadeira.
E descubro.
Descubro com emoção
que o motivo tamanho
de tanta variação
é que sou gente, minha gente.
Sabem vocês certamente
o que a gente ser gente
neste mundo encantado?
É fazer parte da vida,
é ser dia, é ser noite,
ser água, vento, luar,
ser sol de verão ardente,
e flores da primavera.
Ser mesmo as quatro estações
quem sabe no mesmo dia?
Ser o bebê que adormece
no colo quente da mãe
ou o velhinho que recorda
o tempo que já passou
com os olhos cheios de luz
buscando o que ainda vem.
Tudo isto e muito mais.
Ser gente é ter o Universo
Todinho dentro da gente.
É trazer dentro do peito
A festa da criação.
do livro “Voz Interior”.
Maria Valdinete de Moura Lima, filha de Manoel Severino de Lima e de Lindalva de Moura Lima, nasceu em Vitória de Santo Antão. Bacharela e Licenciada em Letras. Professora de Português da Faculdade de Formação de Professores da Vitória de Santo Antão. Poetisa e contista, tem um livro publicado VOZ INTERIOR – 1986. Tem vários prêmios, entre os quais: José Cândido de Carvalho, contos: Jeová Bittencourt, contos, menção honrosa (Araguari, MG). Concursos promovidos pelo “Timbaúba Jornal”, contos e poesia. É membro da Academia Vitoriense de Letras, Artes e Ciência.