Eu vejo os Teus sinais na concha azul dos céus,
quando minh’alma estática, suspensa,
contempla os turbilhões de estrelas que relumbram
na esfera imensa
eu vejo os Teus sinais no perpassar do vento,
ora manso favônio, ora tufão;
no sol – alampadário a iluminar do mundo
a escuridão.
Eu vejo os Teus sinais, meu Deus, na placidez
das noites polvilhadas de luar;
nos arrancos do mar, espumando sanhudo.
a regougar.
Eu vejo os Teus sinais na fecundez da terra
nas campinas, nos prados, nas florestas
onde pia, chalrea o passaredo alado,
cantando em festa.
Eu vejo os Teus sinais nos picos altaneiros
que sobem, sobem, as nuvens tocar,
parecendo que vão assim rasgando o espaço,
o céu a voar.
Eu vejo os Teus sinais, meu Deus, no sofrimento.
que para a alma é graça, é redenção;
na dor que purifica e transcendentaliza
o coração.
Leonor Paes Barreto, irmã beneditina, nasceu na Vitória de Santo Antão. Exímia musicista, poetisa e religiosa exemplar.