Avelon, Vavá, Nildo e Brigite (da esquerda para a direita).
Isso foi no tempo que se podia vaiar homossexual. No entanto, ninguém matava homossexual. O termo homofobia não havia nascido, e a turma que transava de costas vivia mais sossegada.
O mundo era outro mundo, pois o ódio não se traduzia necessariamente em agressão física e homicídio. As pessoas não dispunham de tanta informação quanto hoje, mas eram mais pacatas, mais tementes a Deus. O trabalho era glorificado, os ricos trabalhavam mais do que os pobres. Hoje, o pobre quer ser rico às custas do crime.
Quem mata homossexual, não é homofóbico nem heterossexual, é ASSASSINO. Quem mata homossexual, mata um idoso, mata uma criança, mata um negro, um branco. É preciso focar no aspecto substantivo do crime e não perder tempo com o rito processual, que é “a mais excelente das tragédias”, como concluía Platão (428-348 a. C.)
Brigite era o mais conhecido, o mais saliente e festejado dos homossexuais. Vi-o vaiado, nas ruas, diversas vezes. Contudo, ouvi dizer que quem o deformou, de uma surra, foi o próprio irmão.Brigite me parecia um animal sem maldade e me despertava uma certa misericórdia. Talvez, pela rígida educação que tive, orientado a respeitar as pessoas.
Sosígenes Bittencourt
…O mundo era outro mundo, pois o ódio não se traduzia necessariamente em agressão física e homicídio….
Contudo, o ódio não deixava de se manifestar, é no minimo estranho, ridículo e inaceitável que uma pessoa seja vaiada nas ruas por sua orientação sexual, estas situações nos coloca a observar se algum hétero sexual é vaiado por sua forma de ser e estar, e nos faz levantar o questionamento de normalidade quanto a forma de transar, de costas ou de frente.
As pessoas devem ser percebidas, respeitadas, aceitas e lembradas não por misericórdia e sim por serem antes de tudo pessoas.