Curiosidades musicais: BILLY BLANCO

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Willian Blanco Abrunhosa Trindade (Billy Blanco) nasceu, 08 de maio de 1924 – Belém (PA).

Arquiteto, músico, compositor e escritor.

Pioneiro na transição entre o samba-canção e a Bossa Nova. A Bossa Nova que é ainda hoje o gênero musical brasileiro mais conhecido no exterior.

Billy Blanco, parceiro de Tom Jobim em “Tereza da Praia”, a antológica gravação que proporcionou o encontro musical dos (desafetos) entre Lúcio Alves e Dick Farney. E, uma época em que ambos tinham fã-clubes que rivalizavam entre si, a composição de Billy e Tom foi gravada como um saboroso diálogo, em que se reproduzia a animosidade mais ingênua e bem-humorada que se possa imaginar. “É a minha Tereeeza da praia…”, cantava Lúcio, ainda com marcantes resquícios do vozeirão samba-canção. A influência musical de Billy Blanco, citada por ele. Foi Noel Rosa, cujos sambas, na voz de Aracy de Almeida, podiam ser ouvidos pelo rádio na maior parte do país.

Em 1943, aos 19 anos Billy partiu de Belém rumo a São Paulo, conquistando a benção do pai com pretexto de cursar Arquitetura no Mackenzie. Verdadeiro plano: fazer sucesso como compositor e sucesso de fato, naquela época, só em terras Cariocas, para onde o jovem se transferiu ao terminar o terceiro ano do curso superior que, após concluído, chegou a lhe render um bom dinheiro. “Vim para o Rio para ser compositor popular. Mas precisava de um motivo. Meu pai me ajudava a pagar a faculdade e eu tocava à nos cabarés”. Relembrou o músico em entrevista do lançamento pela Biscoito Fino.

“Ao escrever, pretendo que as canções sejam cantadas por qualquer pessoa em qualquer tempo. Não componho especificamente para uma só voz ou para um só Tom. Quero que minhas canções signifiquem algo em qualquer tempo, sem ser saudosista. Música é para unir gerações, contar histórias das velhas para as novas”, diz Billy.

Parceiros; Baden Powell, Tom Jobim, João Gilberto e Sebastião Tapajós e outros compositores.

Sucessos como: Sinfonia Paulista, O Morro, Estatuto de Gafieira, Tereza da Praia, Pra Variar (sua primeira composição em 1951), Samba Triste, Viva meu Samba, Sinfonia do Rio de Janeiro, Piston de Gafieira…

Faleceu no dia 08 de julho de 2011, aos 87 anos no Rio de Janeiro. O Jornal  Inverta entrevistou Billy em sua edição nº 65 – de 10 a 15/12/1995 quando se comemorava os 35 anos de Bossa Nova.

Inverta – Como surgiu Piston de Gafieira?

Billy – É um Piston tocado na Gafieira que quebrou um galho, um pau que comeu e o Pistonista tirou a surdina  e eu, frequentando as Gafieiras, primeiro como músico profissional, depois com participante, eu vou muito lá, imaginei uma situação de Gafieira e com base inclusive numa frase “quem está de fora não entra”. Isso surgiu quando, às seis e meia da tarde, eu ia entrando a loja de uma amigo, Antonio Sadi, que estava baixan-do a grade e disse que eu esperasse um pouquinho, que eu esperasse um mo-mento até abrir uma portinha para que eu entrasse; antes porém brincou dizendo. “Quem está de fora não entra” e eu res-pondi, “quem está dentro não sai”. Ele disse: “Isso da samba”, e eu fui para o balcão e comecei o samba. Fui escre-vendo para casa e, quando cheguei, o samba estava pronto.

PISTON DE GAFIEIRA (MILTON CARLOS).

Na gafieira segue o baile calmamente
Com muita gente dando volta no salão
Tudo vai bem, mais eis porém que de repente
Um pé subiu e alguém de cara foi ao chão

Não é que o Doca é um crioulo comportado
Ficou tarado quando viu a Dagmar
Toda soltinha dentro de um vestido saco
Tendo ao lado um cara fraco, foi tirá-la pra dançar

O moço era faixa preta simplesmente
E fez o Doca rebolar sem bambolê
A porta fecha enquanto o duro vai não vai
Quem está fora não entra
Quem está dentro não sai

Mas a orquestra sempre toma providência
Tocando alto pra polícia não manjar
E nessa altura como parte da rotina
O pistom tira a surdina
E põe as coisas no lugar

leo

 

Leo dos Monges

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