Carlos Alberto Ferreira Braga (Braguinha ou João de Barros), nasceu no Rio de Janeiro, a 29 de março de 1907, filho de um casal de classe média, Carlinhos, como era chamado na família, passou a adolescência em Vila Isabel, onde seu pai era diretor da fábrica de tecidos confiança. No colégio Batista conheceu o violonista Henrique Brito e dessa amizade nasceu o interesse pela música, fazendo com que, aos 16 anos, ele criasse a letra e a música de Vestidinho Encarnado, composta para a garota Guilmar, do colégio Batista. A menina sempre ia de vestido vermelho e isso bastou para que o galante Carlos Braga lhe fizesse esta música. Em 1928, Braguinha formou o grupo (Flor do Tempo), integrado também por Henrique Brito, Alvinho, Noel Rosa e Almirante, que passou a se apresentar em casas de amigos e clubes. No ano seguinte, com o nome de (Bando dos Tangarás), o grupo gravou 19 músicas, sendo 15 de autoria de Braguinha. Para não usar o nome de família, Braguinha, que nessa época estudava Arquitetura, escolheu o pseudônimo de João de Barrro. O Bando dos Tangarás – aos quais se juntou Noel Rosa – desfez-se em 1933. No ano seguinte, João de Barros conheceu duas pessoas que marcariam sua carreira: Alberto Ribeiro, seu maior parceiro e Wallace Downey, um americano que o conduziu a indústria do cinema e dos discos. Braguinha foi roteirista e assistente de direção em filmes da Cinédia. Com Alberto Ribeiro, escreveu argumentos e composições para trilha sonora de filmes como “Alô, Alô, Brasil” e “Estudantes” cuja personagem principal foi interpretada por Carmem Miranda. Atuou como diretor artístico da gravadora Columbia, no Rio de Janeiro, ao mesmo tempo que compunha sucessos como o inesquecível “Carinhoso” (1937, com Pixinguinha) e “Sonhos Azuis” (1936, com Alberto Ribeiro).
Em 1938, casou-se com Astréa Rabelo Cantolino. Haviam se conhecido graças a interferência de um funcionário da fábrica de tecidos Confiança, onde o pai do compositor era o “gerente impertinente que dá ordens a você”, da música Três Apitos, de Noel Rosa. Em 1939, nasceu Maria Cecília a filha única.
No ano do casamento a dupla Braguinha e Alberto Ribeiro inscreveu Touradas em Madri (Composta em 1937) num concurso. A música foi classificada em primeiro lugar, mas logo os outros concorrentes, começaram a alegar tratar-se de pasodoble e não marcha. Anulou-se o concurso.
– Ensina esse Espanhol a cantar!
O homem pálido, afundado na cadeira cativa, é o mais emocionado entre os torcedores que superlotam o Maracanã. O Brasil acabara de marcar o quarto gol contra a Espanha.
– A temível Espanha que ameaçara esmagar a seleção Brasileira no campeonato Mundial de futebol, em 1950.
– Olha como esse cara ta quieto. Só pode ser Espanhol…
Mais um gol e coro gigantesco recomeça:
“Eu fui às touradas em Madri
Paraná – tchim – bum – bum – bum
Paraná – tchim – bum – bum – bum
E quase não volto mais aqui
Pra ver Peri
Beijar Ceci”.
Então o ocupante daquela cadeira cativa não consegue mais se conter e chora. E, quando a enorme torcida festeja a vitória final, o “Espanhol” Carlos Alberto Ferreira Braga, ainda está chorando: a música com que 200 mil brasileiros gozam o time espanhol foi composta por Alberto Ribeiro e ele. Ele, o único que naquele momento não consegue cantar de tanta emoção.
– Quando componho com o Alcyr, que não é letrista, então ele faz músicas inteiras, como Laura, e eu faço as letras. A mesma coisa aconteceu com Carinhoso: A música inteira é de Pixinguinha, e eu fiz a letra. Copacabana, música feita sob encomendada de Wallace Downey para o filme homônimo, devido a um mal entendido acabou não sendo incluída na película.
Segundo Alberto Ribeiro, Copacabana foi composta às pressas e sem maiores pretensões. A dupla aproveitou a melodia de seu Fox-canção era uma vez, lançado alguns anos antes e que não conseguira sucesso. A gravação aqui apresentada foi feita por um estreante em discos, na época: Farnésio Dutra, conhecido artisticamente como Dick Farney. Ele tinha feito, até então, apenas quatro gravações de músicas americanas. Ao gravar Copacabana, Farney manteve a entonação de “Crooner” de música popular Norte-americana, acompanhado de grande Orquestra de Cordas e sem um pandeiro como marcação de ritmo. O resultado foi extraordinário e o samba, intérprete e acompanhamento passaram a constituir modelo de sofisticação para a música popular brasileira.
COPACABANA – (DICK FARNEY)
Existem praias tão lindas, cheias de luz
Nenhuma tem o encanto que tu possuis
Tuas areias, teu céu tão lindo
Tuas sereias sempre sorrindo
Copacabana, princesinha do mar
Pelas manhãs tu és a vida a cantar
E a tardinha ao sol poente
Deixa sempre uma saudade na gente
Copacabana, o mar eterno cantor
Ao te beijar ficou perdido de amor
E hoje vive a murmurar:
“Só a ti, Copacabana, eu hei de amar”
Leo dos Monges