As mulheres ao longo da história da humanidade têm sido invisibilizadas. Contudo, a reação a esta situação é histórica. O fato que é lembrado a cada 08 de março é justamente um ato de reação a esta invisibilidade, acrescendo que o ocorrido em 08 de março de 1857 foi fortemente marcado pela intolerância e violência. Violência e intolerância que até hoje marcam a vida das mulheres e que se acentuam em alguns segmentos como: as mulheres negras, brancas pobres, indígenas, ciganas, etc.
Você pode estar se perguntando, como invisíveis, se as mulheres têm ocupado hoje diversos espaços no mundo do trabalho, inclusive espaços que até pouco tempo eram legitimados como masculinos. Como invisíveis, se as mulheres têm conquistado direitos, através de legislações que as protegem de diversas violações como a lei Maria da Penha sancionada em 2006, a lei contra o Feminicídio sancionada no último dia 09 de março, pela Presidenta Dilma Rousseff.
O lugar que as mulheres ocupam no mercado de trabalho, as leis que as protegem resultam das lutas por elas protagonizadas. Segundo dados da Secretaria de Políticas para as Mulheres, apesar das conquistas, muito ainda precisa ser feito no campo da educação, saúde, da diversidade, da inserção no mercado de trabalho, considerando que as mulheres brasileiras são distintas, no que diz respeito à questão de raça/etnia, classe, religião, orientação sexual, etc. Logo, o atendimento as suas necessidades deve levar em conta tais particularidades.
Acho que devo explicar então, por que invisíveis, se estão historicamente mostrando sua capacidade de luta, organização e provando de conquistas relevantes. Temos então, a princípio, duas questões a elucidar:
1º. As conquistas legais, muitas vezes, não obtêm o devido reconhecimento e compromisso no processo de sua execução. Nesse sentido os ganhos são pertinentes, mas terminam caindo na invisibilidade fortalecida pela ideia, distorcida, de que a lei mais serve para aprofundar as situações de violações do que para proteger.
2º. Não podemos negar a relevância das conquistas, porém sabemos que temos ainda um quantitativo expressivo de mulheres que não são contempladas.
A realidade tem evidenciado que as mulheres não se calam, não se acomodam ou se conformam, mesmo fragilizadas, cansadas, negadas no processo, suas lutas têm apontando para o desejo de igualdade, não apenas a formal, mas a igualdade enquanto realidade concreta. Suas lutas não se centram numa possível “guerra entre os sexos”, “entre as raças”, “entre as orientações sexuais”. Suas lutas são pela quebra das hierarquias que postulam que existem seres humanos superiores e seres humanos inferiores. A luta maior é pela igualdade e respeito ao ser humano, que é diverso.
Então, homenageio todas as mulheres e desejo que se entendam como pessoas capazes de mudar a história de dominação, exploração e opressão a que muitas estão submetidas. Desejo ainda que entre nós, principalmente, sejamos capazes de nos ver como iguais na diversidade.
Por fim, parabenizo os homens, aqueles que são capazes de entender que suas mães, esposas, filhas, irmãs, primas, merecem ser reconhecidas como guerreiras que forjam o cotidiano com amor, sensibilidade, mas, sobretudo, com muita determinação.
E como disse Cora Coralina “O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada”. Então, que possamos seguir a caminhada nos apartando daquilo que nos desumaniza e nos aproximando daquilo que nos humaniza.
Desejo de dias melhores.
Até a próxima!!!
Valdenice José Raimundo
Doutora em Serviço Social
Docente na Universidade Católica de Pernambuco
Líder do Grupo de Estudos em Raça, Gênero e Políticas Públicas – UNICAP
Coordenadora do Projeto Vidas Inteligentes sem Drogas e Álcool – VIDA.
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