Em Recife, na avenida Domingos Ferreira, minha tia Ricardina ia sendo vítima de um assalto. Eram 3 pivetes, um maiorzinho e dois menores, queriam-lhe os pertences. E, aí, minha tia não podia se desfazer dos bens, pelo valor sentimental que os envolvia.
– Olhe, meu filho, esse anel é um presente de minha irmã que faleceu, eu não posso lhe dar.
E os meninos insistiam. Mas, minha tia não podia abrir mão dos seus objetos, persistindo nas explicações de caráter sentimental.
– Olhe, meu filho, esse relógio é um presente do meu filho que faleceu, eu não posso me desfazer dele.
Até que chegou o momento mais sensível do diálogo, que abrandou o menino. Ela passou a mão sobre seu cabelo pixaim e perguntou: – Se você tivesse um presente dado por sua mãe, você queria que alguém levasse?
O menino baixou a cabeça e chorou. O homem é escravo do bom tratamento.
Sosígenes Bittencourt