A importância da manutenção do debate – por Valdenice José Raimundo

Depois que escrevi sobre as cotas, evidenciando o meu posicionamento e li os comentários, fiquei muito animada para continuar escrevendo no Blog do Pilako. Percebo que é um espaço democrático, no qual as pessoas podem expor elementos de sua visão de mundo, os princípios e valores que norteiam sua intepretação da realidade, seus posicionamentos políticos e etc. Acho importante que espaços como este existam e garantam a pluralidade das maneiras de pensar. É claro que a pluralidade sem o respeito é enfraquecida.

No primeiro texto que escrevi para o blog eu fiz uma breve apresentação da minha pessoa. Agora quero acrescentar um pouco mais de informações para que o leitor tenha um pouco mais de clareza de com quem está dialogando.

Sou uma mulher negra. Assumidamente negra! Gosto de ser quem sou. Louvo ao Criador por me oportunizar nascer negra. Pele escura como uma noite sem luar. Amo meus pais Valdemar e Teresa e uma das coisas que me fortalece todo dia é saber que sou amada por eles. Amo meus irmãos (cinco) e minhas duas irmãs. Tenho 10 sobrinhas e 5 sobrinhos. Cultivamos o almoço aos domingos na casa de meus pais.

Desde menina acreditei que Deus tinha um plano específico para minha vida e nunca tive dúvida de que Ele me capacitaria para vivê-lo. Deus é meu grande animador na luta contra o racismo. Preciso afirmar que o racismo existe e não é fruto de abstrações dos negros. O racismo é ideológico e tem ao longo da história submetido muitos povos a situações degradantes. Os diferentes tratados como desiguais sempre alimentou a lógica de dominação.

Tenho alguns ícones na luta contra as diversas desigualdades e todas as formas de preconceito e discriminação. Destaco: Jesus, o Cristo, Ghandi, Madre Teresa de Calcutá, Lélia Gonzalez, Malcon X, Rev. Martin Luther King Jr, Rosa Parks, dentre outros/as.  Homens e mulheres que acreditaram que todos os seres humanos deviam ter uma vida digna.

Tenho sofrido muitas situações de racismo e acreditem que a questão não é porque sou pobre, pois posso me considerar uma negra de classe média. Sou doutora, professora de uma renomada universidade pernambucana e mesmo assim, as pessoas não me poupam das suas atitudes discriminatórias e, antes que me acusem de problemas com autoestima, tenho aprendido a cada dia o sentido do “somos imagem e semelhança de Deus”. Logo, somos belos, obras primas do Criador.

Acredito, sim, que aquilo que a sociedade majoritariamente defende como belo é esvaziado de beleza, isto porque entendo que o belo tem a capacidade de incluir e nunca de excluir.

 Caro/a leitor/a, somos diferentes e isto deveria tornar o mundo mais rico, formidavelmente mais rico, mas infelizmente não tem sido assim. Como diferentes, interpretaremos os diversos acontecimentos de formas diversas, mas que isto sirva para enriquecer o debate. Sem esquecer que o confronto deve ser das ideias.

Desejo que as ideias tenham como fundamento a garantia da dignidade humana, dessa forma elas poderão se materializar de maneira justa. Na próxima semana estaremos de volta. Obrigada pelas contribuições ao debate.

Até lá!

valdenice

Valdenice José Raimundo
Doutora em Serviço Social
Docente na Universidade Católica de Pernambuco
Líder do Grupo de Estudos  em Raça, Gênero e Políticas Públicas – UNICAP
Coordenadora do Projeto Vidas Inteligentes sem Drogas e Álcool – VIDA.
Endereço para acessar este CV:

4 pensou em “A importância da manutenção do debate – por Valdenice José Raimundo

  1. Ilustre Drª Valdenice e Senhores João do Livramento e José Edalvo.

    Acompanhei atentamente o início, meio e as reticências deste diálogo que desde o dia 27 de Março, gera polêmica, comentários e exposições dos participantes, quando da publicação do seguinte post:

    http://www.blogdopilako.com.br/wp/2015/03/27/discriminar-positivamente-uma-postura-antirracista/

    Pois bem, muito foi discutido acerca das pessoas envolvidas e pouco das idéias defendidas.
    Eis que de repente me veio à tona um antigo provérbio chinês que diz:
    “O medíocre discute pessoas.
    O comum discute fatos
    O sábio discute idéias.”
    Que fazer pois, quanto à estas coisas? Estamos falando aqui com a nata dos intelectuais vitorienses e sobre intelectuais vitorienses (até me pergunto onde estou metendo meu bedelho, [risos]).
    O que a princípio deveria rumar a um confronto de idéias, ou no mínimo à uma reflexão sobre tais explanações, tomou como destino o “convencer ou convencer, o que importa é vencer”, originado, em meu humilde e não tão apto para julgar, ponto de vista, por parte de uma precipitação em julgo dos atributos da autora do texto acima mencionado, de um interlocutor, cujo mesmo não tenho nenhum problema em expor, que é o Manoel Carlos, a quem muito estimo.
    Apreciei com destreza o artigo redigido pelo nobre jornalista José Edalvo, consoante à serenidade das palavras do homem culto, João do Livramento e cheguei assim a uma linha de pensamento que me aponta um tom de arrogância por parte de meu amigo Manoel Carlos, com quem interajo frequentemente pelas redes sociais, o que me moveu a aqui escrever (ou digitar) algumas linhas de interação com tudo o que foi pronunciado. Li de forma a não me deixar levar pelo calor das emoções, o singelo e rico texto em epígrafe, que disserta sobre a importância de manter o debate, brilhantemente redigido pela Drª Valdenice e vi nela a maturidade de quem sabe o que está falando sem necessariamente possuir uma espécie de carapaça ou padrão de defesa clichê, sobre suas idéias, o que muito me alegra. Não ter “aquela velha opinião formada sobre tudo”, reitera, para mim, a leitura que faço da pessoa da doutora, que por sua vez enaltece a autenticidade e qualidade de sua escrita.
    Meu amigo Manoel, não sou o mais indicado a analisar gramaticalmente seus textos, contudo, é visível o comprometimento que sofre alguns trechos, em detrimento da coerência e coesão absorvida nas entrelinhas, contudo a semântica foi de fato o que mais me chamou atenção.
    Se um pedido puder lhe fazer, e que possais me atender, sejamos mais serenos no trato e misericordiosos nos julgamentos.

    No mais, parabenizo ao Blog do Pilako por proporcionar tudo isso, e em especial aos participantes do diálogo, que nos fazem refletir sobre muita coisa.
    Forte abraço.

    André Ben.

  2. Pingback: Internauta André Ben comenta no blog | Blog do Pilako

  3. Mandela é um ídolo com pés de barro. Por trás desse sorriso e dessa imagem de pacifista encontra-se um dos assassinos mais sem piedade da história. Falar do verdadeiro Nelson Mandela é um assunto incômodo. O sistema o santificou de tal forma que não se admite nenhuma crítica, nenhuma alusão a seu passado nem nada que pudesse manchar essa imagem limpa que ele tem.
    Mandela faz parte desses ídolos com pés de barro que o sistema forma, tais como Martin Luther King, Mahatma Gandhi, John Lennon, Benito Juárez, só para mencionar uns quantos. Figuras inquestionáveis, ídolos no mais alto pedestal e cuja vida é uma obrigação admirar sem questionar.
    Aos seus 94 anos, Mandela foi elevado à categoria de herói dos pacifistas, anti-racistas e uma figura quase divina para as massas, fazem-lhe homenagens, músicos e políticos lhe rendem sua admiração.
    A mídia é uma criadora de mitos e uma tergiversadora da realidade. Eles pode fazer de um terrorista um herói e vice-versa.
    O verdadeiro Nelson Mandela está muito distante dessa figura cálida que os meios de comunicação pintam. Seus crimes do passado foram apagados. Se você investigar a vida dele poderá encontrar uma vida de quase milagres, mas nada sobre seu lado obscuro. Porém, logo a verdade sai à luz e o mito Mandela se derruba.
    Em 1961 Mandela foi o líder do braço armado do Congresso Nacional Africano (CNA), chamado Unkhonto We Sizwe, grupo responsável por assassinatos, bombas e roubos em lugares públicos. Mandela foi declarado culpado de 156 atos de violência pública e por essa razão foi encarcerado em 1963 e sentenciado a 27 anos de prisão.
    É falso como dizem os meios de comunicação e como se impôs que Mandela foi encarcerado por se opor ao apartheid. Outros ativistas como o bispo Desmond Tutu se opuseram a este sistema publicamente sem ser censurados ou encarcerados. Se Mandela foi encarcerado foi por seus crimes, inclusive a organização Anistia Internacional não lhe deu apoio, já que havia considerado a sentença justa.
    Mesmo quando saiu da prisão e até nossos dias, Mandela sempre apoiou o terrorismo e guardou um silêncio vergonhoso ante a matança dos boêres no continente africano. Apesar de ser considerado um “herói da liberdade”, Mandela apoiou descaradamente a ditadura comunista em Cuba, a qual chama “um baluarte da liberdade e da justiça”, mas claro que não menciona a pobreza na qual está afundada a população, nem a opressão do “santo” governo comunista. Também apoiou o sangrento regime de Robert Mugabe e o regime chinês.
    Sua esposa Winnie Mandela tampouco fica atrás em seu apoio à violência. Nos anos oitenta realizou infames atividades contra seus opositores. Todos aqueles que a ela se opunham eram atados de pés e mãos para depois serem queimados vivos com pneus, inclusive gente de sua própria raça – uma tática de guerrilha própria do CNA. O Congresso Nacional Africano, partido cujo líder mais notável foi Mandela, foi uma organização terrorista culpada de atos terroristas e assassinatos contra a população civil, não só contra a gente branca mas também contra os negros que se negaram a apoiá-los.
    Enquanto Mandela fazia sua campanha, o CNA assassinou e torturou camponeses brancos sem que os meios de comunicação falassem a respeito. Após o triunfo de Mandela o CNA passou de organização terrorista a um partido legal, e sua política racista continuou.
    Muito dirão que Mandela abandonou a violência mas se equivocam. Durante seu tempo na prisão o presidente Botha ofereceu a Mandela sua liberdade em troca de que renunciasse à violência, mas seu oferecimento foi rechaçado e Mandela nunca renunciou à violência publicamente.
    Deixando de lado seu apoio ao terrorismo, o governo do “beato” Mandela foi catastrófico para a África do Sul. Sendo um dos países mais estáveis e prósperos do continente africano passou a ser um país afundado na violência e na ruína econômica.

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