Conforme anunciando, hoje estamos começando a nova coluna – SEMPRE COM PITÚ – aqui no blog, que tem como objetivo escrever um pouco da história dos bares/restaurantes/botecos e assemelhados da nossa cidade. Possivelmente, assim como estar ocorrendo com a coluna apelidos vitorienses, esta sequência de matérias será condensada em um livro. Este trabalho, vale salientar, conta com o apoio do Engarrafamento Pitú. Para abrir a série, escolhemos o Restaurante Gamela de Ouro.
O Restaurante Iapuãna – nome inicial da Gamela de Ouro – iniciou suas atividades, segundo informações dos atuais proprietários, no dia 19 de setembro em 1964 pelas mãos do senhor Fernando Carneiro. No início, de maneira rústica, o restaurante teve suas instalações construídas com troncos de coqueiro coberto com esteiras, parecido com uma chopana.
O restaurante, com poucos anos depois, mudou de nome e de dono. Já com a marca Gamela de Ouro o irmão de Fernando, Clodoaldo Carneiro, popularmente conhecido por Dodó da Gamela, adquiriu o empreendimento. Isto ocorreu, precisamente, 1969. Em 1970, Dodó realizou uma grande reforma e fez uma espécie de reinauguração.
João Vitor, Antonio Lele, Eusébio, Dodó da Gamela, Guga Celestino – Decáda de 70 – Gamela de Ouro. Foto: Arquivo Pessoal de João Vitor
Desde então, o Restaurante Gamela de Ouro passou a ser a “casa” de Dodó. Bem relacionado na sociedade vitoriense, Dodó tornou sua casa comercial em um dos lugares mais bem frequentados da cidade, aliás, a Gamela de Ouro, ao longo dos anos, passou a ser uma parada obrigatória, no que diz respeito à gastronomia, ao longo de toda BR 232, assim como, uma referência importante da Vitória de Santo Antão.
No entorno do Restaurante, anos depois, Dodó construiu um zoológico e um parque de diversão infantil. Entre os bichos do seu zoológico particular, havia uma onça. Pois bem, contou-nos Alexandre, um dos filhos de Dodó, que a onça, certa vez, fugiu da jaula e só foi apreendida, dias depois, na cidade de Limoeiro e, evidentemente, resgatada por seu pai.
Mesmo sem ter um espaço considerável para a realização de grandes eventos, os salões da Gamela de Ouro já recebeu atrações musicais conhecida nacionalmente, tais como: Valdik Soriano, Núbia Lafayette, Fernando Mendes, Jorge de Altinho, Adilson Ramos, Paulo Diniz, Ivanildo Sax de Ouro, Altemar Dutra e tantos outros. Alias, a última apresentação no Brasil do cantor Altemar Dutra foi, justamente, aqui em Vitória, na Gamela de Ouro.
Premiação na Gamela de Ouro – Na foto Pedro de Bilau, Clodoaldo da Gamela e
Ivanildo Sax de ouro – Década de 80. Acervo pessoal de Clodoaldo.
Na questão da culinária, o prato “carro-chefe” da Gamela de Ouro sempre foi o galeto. No petisco, o filé com fritas sempre esteve no primeiro lugar. Os últimos vinte anos da vida de Dodó, literalmente, ele morou na Gamela, ocasião, aliás, que o restaurante também atuou como uma espécie de pousada. Neste período, os clientes e frequentadores da Gamela tiveram a oportunidade de contemplar as coleções de moedas, fotografias e cachaça que Dodó mantinha expostas diuturnamente no restaurante.
Com a morte de Dodó, em 2004, os negócio do Restaurante Gamela de Ouro passaram a ser geridos pelos filhos: Clodoaldo, Alexandre e Bruno. As filhas de Dodó sempre participaram do negócio da família de maneira tímida. Clodoaldo e Alexandre, bem mais velho que Bruno, também aturam no negócio, diretamente com o pai.
Segundo Clodoaldo e Alexandre, história e curiosidades sobre a Gamela de Ouro é o que não faltam. Naquele tempo (décadas atrás) o sistema de trabalho dos dois era alternado, ou seja, num final de semana trabalhava Clodoaldo, noutro Alexandre.
Na semana que era Alexandre, os clientes, já naquela época, tinha a oportunidade de escutar músicas mais descoladas, pois ele também atuava como uma espécie de Disc Jochey, ou seja, ele usava os dois “passa disco” simultaneamente para que a música seguinte começasse tocar antes da outra acabar. Novidade para época.
Durante alguns meses do ano de 2009, o Restaurante Gamela de Ouro, ficou sob o comando de uma pessoa sem ser da família. Um pouco antes deste período, em um dia de semana a tarde, o teto do prédio chegou a desabar. Não houve nenhum prejuízo humano, apenas, danos matérias. No ano de 2010, o filho mais novo de Dodó da Gamela, Bruno Carneiro assumiu o negócio.
Hoje, o Restaurante Gamela de Ouro, em função da mudança do mercado mantém uma postura mais voltada para eventos. Bandas com perfis de interesse do público mais jovem tem sido a força motriz do empreendimento nesta nova roupagem, no entanto, festas mais tradicionais promovidas pelos mais diversos segmentos, também escolhe a Gamela como local, aliás, diz o slogan da Gamela: “o melhor clima da cidade”. Veja o vídeo com Clodoaldo, Alexandre e Bruno:
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Mas, independente de qualquer coisa, o Restaurante Gamela de Ouro marcou, e continua marcando, as gerações na nossa cidade. Muitos casamentos, inúmeros negócios comerciais, reuniões carnavalescas e decisões políticas, tomadas nas dependências do mais famoso restaurante da cidade, modificaram o curso da história na nossa Vitória de Santo Antão.
Para encerrar, podemos dizer, sem dúvida, que a Gamela é uma MEMÓRIA VIVA da nossa terra. Em nome dos vitorienses, das mais diversas gerações, nós, do Blog do Pilako, parabenizamos o saudoso Dodó da Gamela, assim como, seus familiares por este empreendimento que transformou a história recente da sociedade vitoriense.
Rubem, Elias baichinho, Moises Sales, e Zé Guelf – Gamela de Ouro –
Década de 70 – Acervo Pessoal de Moisés Sales.
Entre outros: Zito Marino, Manoel Mizura, Miro Caboclo e Joel Neto.
Antônio Tripa, Junior Gouveia, Fausto Tenório e Demetrius Lisboa e suas respectivas esposas. Por trás, em pé, Drayton Bandeira. Foto registrada no Restaurante Gamela de Ouro, nos anos 1980. Foto acervo pessoal de Demetrius Lisboa.
Da esquerda para a direita: Djalma (in memoriam), Alexandre da Gamela, Cocota, Murilo, Léo, Silvio, Joel Neto e Pilako. De costas: Clodoaldo e Mano do Cartório. Foto Registrada em 1992, na Gamela de Ouro.
Esta coluna tem o patrocínio do Engarrafamento Pitú.
SERVIÇO:
Caso você seja proprietário de um bar/restaurante/boteco ou assemelhados e tenha interesse em ter a história do seu negócio contada aqui, favor entrar em contado conosco pelo fone (81) 8437-5414 ou pelo e-mail pilakovb@hotmail.com. O contato também poderá ser realizado diretamente com o Engarrafamento Pitú, através de Helder Nery pelo fone – (81) 9676-0113.