Choque tomou o eletricista desempregado Mário Ferreira Lima, depois de ser preso por tentar furtar 2 kg de carne, em Santa Maria – DF, e terminar recebendo a misericórdia da Polícia.
Mário desmaiou de fome na Delegacia, porque cedera o resto de pão que tinha em casa para matar a fome do filho. Aí, um agente de Polícia, ao ouvir o depoimento do miserável, sacou 30 reais e pagou logo a carne furtada.
Em seguida, uma agente, sensibilizada com o drama do eletricista, pagou a fiança de Mário, estipulada em 270 reais, espalhando compaixão entre os soldados da Delegacia do Gama Oeste, que se cotizaram e produziram uma cesta básica para o assistido do Bolsa Família. No mês de maio, a mulher passando a impressão de ser um animal melhor do que o homem.
Mário perdeu o emprego, de carteira assinada, porque foi obrigado a acompanhar sua esposa, durante 8 meses, em estado de coma, passando a manter-se de pé com 70 reais do Bolsa Família.
A Polícia do Gama está de parabéns por haver agido com a psicologia necessária para identificar o saque famélico e com a devida misericórdia para socorrer a vítima.
Mário usou da ética de buscar a sobrevivência em última instância, como um náufrago que se agarra a um galho ressequido numa tempestade. O que a moral não o ensinou, a ética o obrigou a fazer. A moral é ensinada, a ética é aprendida.
O que diz o pensador argentino Jorge Luis Borges em seu magnífico Elogio da Sombra? “Amanhã serei um tigre entre os tigres e predicarei minha lei a sua selva.”
O episódio melodramático é protagonizado por homens demonizados pela sociedade, mas numa revelação de que a ajuda faz parte da alma humana, fardada ou não.
Misericordioso abraço!
Sosígenes Bittencourt