No último sábado, o8 de agosto, véspera do dia dos pais, estava com meu filho Gabriel almoçando no Restaurante Pizza Palace, localizado na Avenida Henrique de Holanda, em frente ao Vitória Park Shopping. Aliás, costumeiramente, aos sábados, procuro dedicar a hora do almoço para um bate papo com meu filho, uma espécie de “balanço semanal”.
Pois bem, nessa ocasião, acima descrita, aproximou-se um garoto, com aparência e tamanho de dez anos, para vender-nos uma pastilha pelo valor de R$ 1,00. Respondi que não queria, naquele momento. Depois da minha resposta negativa, notei, que seu olhar se dirigiu atentamente para a refeição que se encontrava posta na mesa. Seu olhar, aliás, naquele momento, serviu-me como uma espécie de “senha” para o entendimento.
Para não constranger o garoto e também não deixa-lo notar que eu havia entendido que ele estava com fome, comecei fazer algumas perguntas genéricas para provocar uma aproximação. Em seguida, disse: “bora” almoçar com a gente boy! Disse ele: “posso mesmo?”.
Pois bem, depois de sentado à mesa, todos nós bastante “familiarizados”, começamos a desenvolver um papo, digamos, “mais pessoal”. Ele falou que morava no bairro do Iraque e que não estava estudando, apesar de já feito “isso” antes. Do seu nome – que por motivos óbvios não irei revelar – ele apenas sabe “desenhar” as iniciais. Confirmei também sua idade, ele tem 12 anos, coincidentemente, a mesma idade do meu filho Gabriel.
Sobre sua família disse-me que era o mais velho de cinco filhos e que seu pai não morava com a sua mãe. Residiam numa pequena casa alugada e que por ela sua mãe pagava a quantia mensal de R$ 150,00, pagamento garantido pelos R$ 179,00 dos programas sociais do Governo Federal.
Já com relação a sua atividade comercial diária, revelou-me o “segredo” do negócio. Compra uma caixa (12 cartela) de pastilhas por R$ 4,00 e revende cada uma por R$ 1,00. Disse ele, todo animado: “vendo todo dia uma caixa e até duas……levo todo dia para casa entre R$ 15,00 e R$ 20,00 para mãe comprar comida pra gente”. Quando questionei sobre o pagamento da água e da luz, ele disse com “ar” de sabedoria: “a água nós pega numa cacimba e a luz a gente “puxa” do poste, lá, todo mundo faz isso”.
Já num papo mais “informal”, perguntei o que ele gostava de fazer nas horas em que não está trabalhando. Disse-me que gosta de assistir televisão e jogar bola. Quando questionei sobre o que ele mais gostava de na TV, não titubeou: “jogo e luta do UFC, meu time preferido é o Corinthians, aqui torço pelo Sport”. Já com relação às músicas preferidas e seus respectivos cantores ele, além de cantar um pedacinho de várias músicas, foi logo dizendo: “ sou fã de MC GUI”.
Muito bem, nesses trinta minutos que passamos juntos, isso porque depois que comeu pediu para se levantar e sair para vender suas pastilhas, acredito, que meu filho Gabriel, que tem a mesma idade do garoto e acompanhou atentamente todo nosso bate papo, deve ter aprendido, com aquele exemplo, sem máscara e sem subterfugiu, uma boa lição sobre o “mundo real” que não é ensinado nos livros da escola, aliás, essa é a dura realidade de uma fatia considerável da população brasileira.
Dessa experiência vivenciada dias atrás, contudo, teríamos condições de escrever um livro, no entanto, irei apenas fazer três observações:
– Não pedi ao garçom para pôr na mesa mais comida justamente, para exercitar o sentimento da divisão, pois, o prato que estava posto para dois, serviu para três. Quis também mostrar para meu filho que, em alguns casos, tirar um pouco do que “já é nosso” nos ensina o verdadeiro sentido da palavra COMPARTILHAR, muitas vezes, sobretudo nas redes sociais, usada da forma deslocada do seu sentido primário.
– O garoto, apesar de não frequentar a escola, está totalmente “atualizado” com a chamada “ditadura e alienação dos grandes meios de comunicação”, ou seja, apesar da pouca idade e de nunca ter visto um jogador do time paulista, é apaixonado pelo Corinthians. Quanto ao seu estilo musical, quem ganhou a preferência foi o chamado Funk Ostentação, certamente, pela letra fácil e repetitiva e também por retratar, na maioria das vezes, uma “mudança” na vida das pessoas pobres.
– Com relação aos benefícios concedido pelo Governo Federal (Bolsa Família) às camadas mais pobres da população, muito criticado por fatias da sociedade, revela-se, nesse caso e para tantos outros milhões espelhados pelo Brasil, um divisor de água na vida das famílias desprovidas de amparo estrutural. Ao invés do Congresso Nacional, nesse momento, “gastar suas energias” na tentativa de reduzir a idade penal, deveria buscar mecanismos para contemplar uma saída para as pessoas atoladas nesse triste ciclo da pobreza e da ignorância.
Portanto, para encerrar, gostaria de dizer que enquanto não for efetivada uma Lei no Brasil que puna com INELEGIBILIDADE DE 10 ANOS, os gestores (prefeitos, governadores e presidente) que, ao encerrar seus mandatos, não tenham avançados de 10% a 20% nos índices educacionais, continuaremos sendo essa REPUBLIQUETA que incentiva, através de leis viciadas, o aparelhamento do equipamento público educacional, com a manutenção de cerca de 80% do quadro preenchido, com professores contratados cuja finalidade primordial é “amarrar” o voto para que o gestor de plantão se perpetue no poder. Mas, mesmo assim, ainda segundo a Presidente Dilma Rousseff, somos A PÁTRIA EDUCADORA !!! Triste realidade a nossa.
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Apesar de bastante criticado, algumas críticas com fundamento outras sem, o Bolsa Família é o maior programa de intregração de renda do Brasil. Óbvio que por si só não transforma um nação, mas com certeza é um alento e um inclusão dos que mais precisam.
A própria matéria é prova disso ao mencionar que o “pouco” que ganha do Bolsa família é o que garante ao mesmo ter, ao menso, um teto para morar. Outrora, estariam “debaixo da ponte” ou da terra.
O Bolsa família é usado por essas família para comprar alimentos e alguns casos para pagar moradia. Será que alguém tem dúvidas do que é feito com o dinheiro?
Já imaginou os pequenos mercados sem a renda desse pessoal do Bolsa famíliar?
Claro que a longo prazo o círculo pode ser viciante, mas, como cobrar a postura “capitalista” a esse garoto. Tal postura diz: ” SE VOCÊ QUISER VOCÊ PODE”, VÁ ESTUDAR QUE VOCÊ VAI SER MÉDICO”, Será mesmo? será que um garoto como esse pode concorrer de igual pra igual com um garoto que teve toda sua educação proveniente de um escola particular?
Por isso que os críticos do Bolsa família sofrem de um mal patente, qual seja ESQUIZOFRÊNICA POLÍTICA.
Infelizmente aqui no Brasil, seja direita ou seja esquerda o intuito é um só: VOTOS. A diferença é que a esquerda “ainda” tem uma visão mais humanitária.