Hoje, 13 de outubro de 2015, o nosso Colégio 3 de Agosto completa 70 anos de vida. É bom que se diga que a referida unidade de ensino, antes, funcionou com o nome de Ginásio da Vitória. Para quem já “mergulhou” um pouco na história da nossa Vitória de Santo Antão, não será surpresa encontrar os nomes do Padre Felix Barreto e do Mestre Aragão como figuras centrais nesse empreendimento educacional.
Revirando meus arquivos separei trechos de uma carta, enviada pelo Mestre Aragão ao amigo João Álvares, no dia 27 de agosto de 1995 – ano do cinquentenário do Colégio 3 de Agosto – onde o mesmo revela, entre outras coisas, fatos marcantes da história do Colégio 3 de Agosto: “O Ginásio da Vitória foi, para mim, especialmente, verdadeiro martírio”. Mais adiante ele revela: “adoeci gravemente e tive recomendação médica de optar pela direção ou pelo magistério”.
Em outro trecho da carta, o Mestre Aragão desabafa: “Pude com a ajuda de Deus, a intervenção de João Cleofas e de Agamenon Magalhães reabrir o educandário e chagar ao ano de 1940, sem prejuízo para os poucos alunos remanescentes. Em janeiro de 1941 remeti o arquivo escolar do Ginásio da Vitória para o Ministério da Educação , encerrando meu martírio”.
Encerrando a carta, disse o Mestre Aragão: “O Ginásio as Vitória voltou a funcionar no Governo do velho José Joaquim da Silva, que me procurou e a Aloizio Xavier, e , juntos, preparamos a documentação necessária para criação do Colégio Municipal 3 de Agosto, em 13 de outubro de 1945”.
Pois bem, o registro dessa carta, foi fruto de uma publicação ocorrida na 14ª edição da Revista do Instituto Histórico e Geográfico da Vitória, em 2008. Para encerrar, gostaria de registrar também, coincidentemente hoje, 13 de outubro, a passagem do aniversário do bom vitoriense, João Álvares, autor da publicação, ex-aluno do Mestre Aragão e também ex –aluno do Colégio 3 de Agosto.
Segue abaixo a publicação na integra da Revista do Instituto Histórico.
Entre os escritos do grande mestre, destaco o trecho de uma correspondência que me enviou em 27 de agosto de 1995, onde, com riqueza de detalhe, aborda o problema e a grave crise vividos pela Ginásio da Vitória – o atual Colégio Municipal Três de Agosto – onde o responsável pela difícil situação era o governo federal, através do Ministério da Educação: “O Ginásio da Vitória foi, para mim, especialmente, verdadeiro martírio. A instrução e educação do povo de qualquer pais bem organizado são deveres do governo. Foi o governo quem fechou o Ginásio da Vitória, porque o educandário não teve recursos financeiros para pagar a taxa de inspeção federal, que o equiparava ao velho Colégio Pedro II, mantido pela Ministério da Educação como padrão para os estabelecimentos de ensino secundário. Eu acumulava as funções de professore e diretor executivo. O Padre Felix era apenas diretor proprietário e visitava o nosso Ginásio uma vez por semana, nele demorando um dia apenas. Eu ganhava como diretor e professor, setecentos mil reais por mês. O Padre Felix nunca recebeu um centavo. Tanto era o seu idealismo que, em 1937, tomou cem contos de réis emprestados ao Banco Popular de Vitória, aplicando essa quantia em reforma do antigo sobradão que ele adquirira por quarenta mil réis e reformara, transformando os quartos em salões de aula. Trabalhamos juntos de 1936 a 1938, quando adoeci gravemente e tive recomendação médica de optar ela direção ou pelo magistério. Comuniquei ao Padre Felix o laudo médico e ele resolver vender o educandário ao Dr. Pelópidas Galvão, sem incluir a propriedade do prédio. O novo proprietário liquidou com o educandário fazendo péssima administração, tendo até transformado externo que servia para aulas do curso primário e parar umas promoções educativas, em salão de danças (do Clube dos 40) por ele fundado, realizando bailes em que até as meretrizes tinham franca entrada. Eu fiquei como professor de português até maio de 1939 e retirei-me porque não recebia um real de pagamento. Após encerrar o ano, Galvão devolveu o prédio ao Padre Felix, levando consigo grande parte do mobiliário escolar para fundar um colégio no Recife.Voltando ao Ginásio, em 1940, os pais do poucos alunos apelaram para mim no sentido de salvar o ginásio, prometendo-me ajuda, que não recebi. Propus moratório da divida e o Ministério de Educação não aceitou. Pude com a ajuda de Deus, a intervenção de João Cleofas e de Agamenon Magalhães reabrir o educandário e chegar ao fim do ano de 1940, sem prejuízo para os poucos alunos remanescentes. Em janeiro de 1941, remeti o arquivo escolar do Ginásio da Vitória para o Ministério da Educação, encerrando seu martírio. O Ginásio da Vitória voltou a funcionar no Governo do Velho José Joaquim da Silva, que me procurou e a Aloísio Xavier, e, juntos preparamos a documentação necessária para a criação do Colégio Municipal 3 de Agosto, em 13 de Outubro de 1945.”