Um alcoólico vivia maltratado, atirado na sarjeta, quando, um certo dia, precisou comprar um cinturão e uma carteira. Ao entrar numa loja, foi atendido por uma moça que o despachou, olhando atentamente para os seus olhos. Ele escolheu os objetos de que necessitava, pagou e saiu impressionado. Dias após, ele voltou. Ficou na porta da loja, ali olhando, com um olhar vago, na direção daquela moça que o observava atentamente. Aprochegou-se e, trêmulo de emoção, indagou: – Por que você fica me olhando assim?
E ela, com um sorriso sussurrante, respondeu-lhe com uma pergunta: – Por que você vive assim?
Aí, ele, tímido, quase sem resposta, laconicamente explicou: – Eu sou alcoólico.
Ela tomou-lhe a mão, iluminada de beleza, e prometeu: – Vá para casa, tome um banho, troque de roupa, que eu quero conversar com você.
Um dia, eu o encontrei numa barraca, em frente à Faculdade, vendendo lanche, ao lado de uma mulher insuportavelmente linda.
– Fulano, me dá uma cerveja.
– Eu não vendo bebida, professor.
– O quê? Você deixou de beber?
– Eu me casei com ela.
Os seus olhos brilhavam, úmidos de bons sentimentos. E eu perguntei: – Onde você a encontrou, ainda tem dessa?
Glorioso abraço!
Sosígenes Bittencourt