Apesar das muitas formas de locomoção coletiva, públicas e privadas, o ônibus, nas médias e grandes cidades, se configura como peça fundamental na chamada mobilidade urbana. Aliás, tanto a ideia quanto o conceito e até o nome (ônibus) que conhecemos hoje, advém da França. No nosso Brasil o primeiro transporte dessa natureza surgiu em 1817, no Rio de Janeiro. Naquela ocasião D. João VI concedeu ao sargento-mor da Guarda Real e também seu barbeiro, Sebastião Fábregas de Suriguê, as primeiras concessões de transporte de pessoas. As linhas, por assim dizer, já cumpriam itinerário, tarifa e horário previstos e faziam o seguinte percurso: Praça XV – Quinta da Boa Vista e Praça XV- Fazenda de Santa Cruz.
Já na nossa cidade, conta a historiografia, que antes da chegada do trem, em 1886, os conterrâneos mais abastados financeiramente faziam seus deslocamentos à Capital em luxuosas carruagens ou cabriolet, disponíveis, à época, como se hoje fossem uma espécie de locação de helicóptero. O ponto de partida era do local, hoje, conhecido como Praça Leão Coroado, antes e após a construção da Estação, também chamada de “Largo da Estação”. Mais adiante, os vitorienses conviveram com a “sopa” – simpático nome do ônibus que levava passageiros ao Recife.
Pois bem, o transporte coletivo de passageiro, com o passar das décadas, tornou-se uma ferramenta vital para o crescimento das cidades, diga-se de passagem. À necessidade do deslocamento das pessoas – moradoras dos perímetros urbano e rural – deve ser encarado como algo de fundamental importância, sobretudo pelas administrações publicas, reais detentores constitucional da regulamentação, organização e fiscalização do segmento aludido.
Digo tudo isso para adentrar na questão atual do transporte público local. Nossa cidade, Vitória de Santo Antão, avançou do ponto de vista populacional, econômico e social ao ponto de ostentarmos, inclusive, o título de Capital da Zona da Mata, mas, infelizmente, continuamos operando com um sistema quase “artesanal”, no que diz respeito ao transporte coletivo público.
Entra prefeito, sai prefeito, fica prefeito e até agora nenhum sujeito desses, teve interesse em organizar o setor. Nesse caso, então, caberia várias perguntas: O que há, de tão misterioso nesse segmento que as correntes políticas se revezam no poder e mantém tudo do mesmo jeito? Qual o segredo que existe nesse segmento, que ninguém quer revelar? O que tem dentro dessa “caixa-preta”, que nenhum governante quer interferir? Que relação deve permear os interesses dos proprietários das linhas de ônibus em detrimentos às necessidades prementes da população? São muitas perguntas e quase nenhuma resposta…………….
Fica evidente que enquanto tudo isso não for “destravado” – com a exceção de alguns poucos – todos saem perdendo, principalmente a nossa já castigada população, sobretudo os de menor poder aquisitivo. Nos três principais modais de locomoção pública local – ônibus, taxi e mototaxis – existem problemas estruturais “eternos”, há décadas, e nada de solução, por parte da prefeitura.
Na questão do TAXI, não obstante a gestão do Governo de Todos haver iniciado a aplicação do taxímetro, existem “taxistas” que “rodam”, há mais de vinte anos, sem a chamada “placa vermelha”, curiosamente, na outra ponta, existem pessoas que tem a concessão apenas para ganhar os benefícios da aquisição no carro “OKM” e o pior: para mantê-los na garagem, para uso estritamente particular e, em alguns casos, segundo informações de pessoas do ramo, já morando fora da nossa cidade. Esse é apenas um dos problemas.
Com relação aos mototaxistas a bagunça é a regra. Não existe, por parte da prefeitura, nenhum tipo de controle. Qualquer pessoa, habilitada ou não, que quiser prestar o referido serviço, o faz até com uma moto roubada e adultera. É só colocar um colete qualquer e meter bronca!! Ao subir numa moto, o passageiro, coitado, sem saber, pode estar embarcando na última viagem da sua vida.
No quesito ônibus (coletivo urbano) a população parece continuar vivendo no período da escravidão, pois são obrigados a embarcar em veículos velhos, sem nenhuma manutenção, com funcionários desqualificados para a função e ainda pagar um preço injusto. Apenas a título de ilustração, por exemplo, com menos de R$ 10,00 – partindo da Vitória – um passageiro chega ao Shopping Center Recife (+ ou – 65 km), em compensação o mesmo passageiro, partindo do Lídia Queiroz (+ ou – 3 km), para chegar ao Vitória Park Shopping, tem que pegar dois ônibus e ainda pagar quase R$ 5,00. Para o mesmo local (Shopping Vitória), se o passageiro estiver no bairro de Lagoa Redonda, por exemplo, e quiser seguir numa moto, haverá de pagar R$ 7,00, “sem choro nem vela”.
A classe média da nossa cidade não convive com essa distorção, pelo fato de não se utilizar dos sistemas públicos de transporte, passando longe do problema. Com pouca informação e sem poder de reação, a população mais pobre da nossa cidade “come o pão que o diabo amassou”, na mão dos donos das empresas de ônibus e ainda são obrigados a pagar um preço muito além do razoável.
Portanto, esse e outros problemas deveriam ser objetos de estudo do novo prefeito, Aglailson Junior. Não se pode fazer uma cidade avançar, nos mais variados segmentos – social, econômica e etc – sem que se quebre velhas práticas, vícios e sistemas, que apenas favoreçam uma pequena classe, aliás, já privilegiada. De modo a pensar, daqui pra frente, que o novo gestor possa criar um ambiente, nesse segmento, com mais transparência e respeito ao povo pois, só assim, estaria abrindo um novo ciclo na administração pública local. Caso contrário, se deixar tudo como está, e continuar “empurrando com a barriga”, será MAIS UM DOS MESMOS, ou seja: A MESMA COISA.
Quando é que Juninho vai efetivamente começar a trabalhar?