Amanhã, dia 06 de março de 2018, por força da lei, seremos contemplados com o feriado estadual. A paralisação é justa e faz todo sentido. Afinal, A Revolução Republicana ou mesmo “A Revolução dos Padres” – como também ficou conhecida – foi um evento importante não só para os pernambucanos, como também para o Brasil e às Américas. Pernambuco tornou-se um País, mesmo que por um período curto (pouco mais de setenta dias).
Na comemoração do centenário desse histórico evento, ano de 1917, sob o comando do então prefeito Eurico do Nascimento Valois, inaugurou-se na nossa Vitória de Santo Antão a Praça Leão Coroado. O monumento, nela erguido e que dá nome à praça, é uma referência direta ao ato de bravura promovido pelo Capitão José de Barros Lima, contra o brigadeiro português, após haver recebido voz de prisão.
Muito bem, não obstante nossos antepassados serem referenciados nos livros que contam nossa história, com destaques de bravura e amor à causa, nas mais diversas ocasiões em que se foi preciso guerrear para avançar, tal que a “Batalha das Tabocas” e a”Guerra dos Mascates”, no episódio aludido – Revolução Republicana – nossos irmãos antonenses não tiveram participação decisiva. Muito pelo contrário.
Registros históricos nos permite dizer que os administradores da então Vila de Santo Antão preferiram permanecer em “cima do muro”: “Quanto à Vila de Santo Antão, contudo, podemos afirmar que os elementos que a dirigiam dele não participaram, alheando-se, prudentemente, dos acontecimentos até o momento em que, constatado o fracasso da revolução, tiveram oportunidade de manifestar os seus sentimentos de fidelidade a Portugal”.
Na qualidade de pessoa identificada com a história dos fatos realço, inicialmente, minha decepção com a posição dos vitorienses. Confesso, inicialmente, que essa pesquisa e estudo ainda carece de mais aprofundamento e subsídios, que justificasse a não adesão dos vitorienses nesse importante movimento, na então Capitania de Pernambuco.
Segue, abaixo, na íntegra, mensagem enviada pelas autoridades locais (vitorienses) da época, ao Governo Interino de Pernambuco, no dia 31 de maior de 1817.
“Ilmos . e Exmos . Srs . do Governo Interino de Pernambuco .
“Banhados de Glória, os nossos corações cheios dos mais vivos sentimentos de amor e fidelidade ao nosso amabilíssimo Monarca e Senhor natural, não cessamos de entoar hinos de louvor ao Senhor Deus dos Exércitos que foi servido livrar-nos do tirano jugo do infame Governo Provisório do Recife, que com a mais negra traição e teimosia, valendo-se do Sagrado Nome do mesmo Soberano, souberam no dia 06 de março, apoderar-se da nossa amada Capital, e tirando a máscara no dia 7, nos subjugaram, usurpando vilmente e com a maior protérvia os sagrados Direitos Natural, Divino e das Gentes, que mandam a amar o Soberano, respeitar os seus decretos, e obedecer todas as suas leis.
“Graças ao Céu sejam dadas que felizmente nos livrou da infame Conspiração que nos oprimiu por dois meses e tantos dias, não prevalecendo os astuciosos enganos de que usaram de promessas de futura felicidade que auguravam e de fingidas e sofisticada liberdade para que os povos mais rústicos lhe dessem crédito e desterrassem dos seus corações o Sagrado nome do amabilíssimo Soberano, que sempre nele reinou, antes servindo aqueles embustes e estratagemas como de materiais combustíveis lançados em fogo ativo que sobem as chamas sem limites fez que o inumerável povo pernambucano, fiel ao seu Soberano, destemido e honrado (uma palavra ilegível) em seus deveres, desprezando os afagos que misturavam os insolentes com ameaças, correram às armas e dispondo-se antes de morrer do que a seguirem tão vil partido, negaram inteiramente obediência ao intruso governo e isto tanto ao Sul, como ao Norte e Centro desta Capitania, sendo esta Vila de Santo Antão uma das primeiras que, zombando dos malvados impostores, inflando o Régio Estandarte no dia 26 de abril próximo passado, quando ainda não havia aqui física certeza da valorosa Tropa de honrado baianos que vinham em nosso auxilio a que a Providencia tem metido nas mãos de VV.SS..
“Este Senado, beijando reverentemente as mãos de VV. SS.., por si e por todos os povos desta Vila e seu Termo, vai novamente ratificar os votos de amor e lealdade ao nosso Augustíssimo Soberano, asseverando-lhe que não há um indivíduo na mesma Vila e Termo que tivesse diferentes sentimentos e fosse capaz de anuir o temerário projeto dos vis assassinos que escandalosamente pretenderam macular o nome dos Pernambucanos. Deus guarde a VV. SS. Muitos anos. Santo Antão, em Veneração. 31 de maior de 1817”.