Como podemos ter segurança ao narrar acontecimentos nos quais não fomos testemunhas oculares? Eis aí um trabalho para os pesquisadores e profissionais da área das ciências humanas, até porque, tem um adágio popular que diz: “quem conta um conto aumenta um ponto”. Dentre as inúmeras fontes disponíveis para, com segurança, contextualizar e repassar informações relevantes às gerações vindouras encontra-se a fonte oral. Evidentemente que as fontes orais devem ser analisadas. Não é qualquer fonte que tem “Fé de oficio”.
Casualmente, na noite de ontem (29), encontrei o amigo Paulinho Lima – filho de “seu” Antonio Lino e de “dona” Neném. Em 2018 “dona” Neném continua dobrando as folhas do calendário da vida – Já passou do centésimo. Com a saúde fragilizada, mas com a cabeça “em dia”, anos atrás, ela, oralmente, desvendou um “mistério” que a muito povoava a cabeça dos carnavalescos locais.
Na qualidade de agremiação mais charmosa da nossa cidade, O Clube de Fado Taboquinhas, teve como fundador, entre outros, “seu” Antonio Lino. Sobre a sua fundação, há duas datas. 1924 e 1925. Pela lógica, deduzimos que a mesma foi criada em 1924 e realizou o seu primeiro desfile carnavalesco em 1925 – tal qual como aconteceu com os Clube Vassouras e A Girafa– o Vassouras, foi fundado em 1921 e fez o seu primeiro desfile carnavalesco somente 1922. A Girafa, fundada em dezembro de 1949, estreou no entrudo local só em 1950.
No tocante as músicas da “Taboquinhas” não se sabe – até o momento – se existem, concretamente, fontes documentais que possam comprovar os autores das mesmas. Com relação à música “Pedimos Passagem” – uma das mais conhecidas – contou “dona” Neném, ao seu filho Paulinho, no terraço da sua casa, que a mesma havia sido composta por uma senhora da cidade de Jaboatão, que durante muito tempo trabalhou na coletoria estadual e que, juntamente com seus familiares, participou da vida social e carnavalesca da nossa cidade. O nome dela era Edileusa Bezerra Santos (foto ao lado).
Certa vez, por ocasião de um evento promovido pela Associação Comercial da Vitória, ocorrido no Restaurante Gamela de Ouro, onde procurou-se certificar e homenagear pessoas identificadas com a nossa festa maior – carnaval – a senhora Edileusa esteve presente. Infelizmente, com a idade avançada, a senhora Edileusa faleceu no transcurso do ano passado.
A história é dinâmica! Em alguns casos, com o passar dos anos, alguns fatos, quando não registrados devidamente, acabam sendo sucumbidos para sempre. Já outros, em função das modernas técnicas – como a arqueologia, por exemplo – são trazidos novamente ao centro de um novo debate, para rescrever os fatos. Contudo, não poderia deixar de terminar essas linhas, gritando: VIVA A TABOQUINHAS!!!!
É com muita alegria que descubro (leio) a reportagem na qual tem como figura principal ( não poderia ser diferente) Dona Nenem (mãe do velho amigo Paulinho).
Lembro do tempo em que frequentava a casa de Dona Nenen e Sr. Antonio Lino: – marcávamos para estudar e no fim íamos à sorveteria de Pedro Peixe tomar um casquinho de sorvete. Tempo bom; íamos ao cinema, participávamos das festas, íamos ao alto do reservatório e na volta encontrávamos com o Professor Adão Barnabé ao lado do Correio. Fazíamos nossa roupa com Hugo Costa; curtíamos juntos com os colegas do 3 de Agosto: Edgar Valois, Marcos palito, Valdemar Lino Chaves , Sosígenes, entre outros. Tempo que não volta mais. Deus proteja Dona Nenem.