Possivelmente por conta da cultura dos nossos colonizadores – portugueses – somos inclinados à crença de que um messias aparecerá para nos salvar e conduzir-nos a um lugar seguro, reservado pelos poderes divinos. Na política, essa prática é real e se chama messianismo.
Pois bem, no “mundo real do poder” não existe brincadeira. É cobra engolindo cobra. Uma jogada antes da hora, uma fala fora do tom ou mesmo uma mensagem cifrada interpretada numa configuração diferente poderá ser o inicio do desabamento de um grande projeto de poder.
À desistência do ex-ministro Joaquim Barbosa da candidatura presidencial, pelo PSB, nos sugere múltiplas interpretações sem que, necessariamente, estejamos certos nas apontas, adiante. Diz um ditado popular que após entrarmos no prédio errado qualquer lugar em que o elevador abrir as portas, estaremos no lugar certo.
É possível, contudo, que o Joaquim Barbosa, com esse movimento político, tenha tido apenas o interesse de mostrar aos seus ex-colegas da Suprema Corte – hoje com alto grau de desgaste na imagem – que mesmo ele de “pijama” continua sendo o “cara”, no julgamento da população.
Nada impede, porém, de pensarmos que o Barbosa realmente estava interessado em disputar o pleito para dá um “frei de arrumação” no Brasil, mas, imagino que após sua primeira reunião com o núcleo político da “sua” legenda, logo viu que seria obrigado, caso vencesse a eleição, a participar da “suruba partidária” do nosso sistema, que atende pelo nome de “presidencialismos de coalizão”.
É possível também extrairmos de uma das suas frases, por ocasião do anuncio da sua desistência, o seu sentimento de frustração, quando disse que lamentava que o nosso sistema político não permitisse candidaturas avulsas. Em outras palavras, é possível imaginar que sua candidatura, após ganhar altitude, poderia ser negociada pelos seus “colegas de partidos” em função dos interesses regionais, isto é: daquilo que os políticos profissionais não podem abrir mão – PRAGMATISMO POLÍTICO.
Enfim, no meu modesto entendimento, a retirada do seu nome do xadrez eleitoral deixa o pleito menos interessante, ao passo que enxergo nas suas atitudes, desde a sua filiação partidária (06 de abril) até o dia do anuncio da desistência, um perfil de quem não tem a menor cintura para esse verdadeiro bambolê eleitoral. Contudo, perde o Brasil à possibilidade de ser liderado por um sujeito que tem na sua própria história de vida, todas as credenciais para tratar o rico com altivez e o pobre com generosidade, pavimentando assim, a longa e sinuosa estrada que nos colocaria na rota da tão sonhada justiça social.