Em meio a um turbilhão de problemas, o Brasil vivenciou, ontem, 13 de maio de 2018, a passagem dos 130 do fim da escravidão. Fomos um dos últimos países do mundo a fazê-la. Fomos também a circunscrição territorial que mais recebeu nativos, oriundos do continente africano, para o chamado trabalho forçado. Se prestarmos bem atenção, todos nós, somos, em grande ou pequena medida, filhos da África.
Colocar luz nesse tema é percorrer por muitos espaços ainda não desvendados. À destruição de boa parte dos arquivos da escravidão, ocorrida no inicio da última década do século XIX, nos deixou órfãos de fontes robustas, mas, nas últimas décadas, importantes estudos e novas leis tem incentivado pesquisas e olhares múltiplos sobre o tema aludido.
Não podemos nos referir ao ocorrido – escravidão na Brasil – com os conceitos sociais da atualidade, dessa forma, contudo, estaríamos incorrendo no chamado anacronismo histórico. Se hoje temos leis e uma boa dose de bom senso coletivo, aquilo que chamamos de “politicamente correto”, antes, porém, a escravidão era algo institucionalizado. Nesse contexto, toda via, podemos afirmar, categoricamente, que toda sociedade brasileira é filha do preconceito racial. Políticas afirmativas são necessárias, mas sem radicalismo e longe do sentimento de vingança.
A história tem nos mostrado, sobretudo aos mais atentos, que a divisão de raças, o ufanismo desmedido e o nacionalismo doentio não são bons conselheiros. Portanto, nesse momento de reflexão e amadurecimento sobre essa página da história brasileira, o que mais me preocupa, na qualidade de historiador, não é com o tempo que nos separa do fim da escravidão ou mesmo quantas décadas ou séculos nos faltam para superar esse fantasma, é, sim, o que fizemos e o que faremos, doravante, para romper com os velhos conceitos e promover o equilíbrio educacional e social, pois, a meu juízo, essa, definitivamente, seria a rota mais acertada a ser seguida, isto é: o caminho sem volta!!