Um dia, eu fui bater na praia de Cumbuco, no Ceará.
Havia passeio de Bugre, dunas, o céu bem pertinho do mar. Eu vi gente a cavalo, senti cheirinho de fumo de rolo, vi paraquedista bailando no ar. Parecia uma comunhão entre as zonas rural e urbana na orla marítima do Ceará.
Foi em Cumbuco que eu vi a morena mais linda do mundo. Fantasiada de índio, vendendo umas castanhas do tamanho de um caju. Morena avermelhada, carnadura torneada e carinha de menina. Fiquei tão abestalhado que terminei confeccionando a seguinte revelação: Eu já não me sinto uma FORTALEZA, nem sei o que CEARÁ de mim.
Já de volta, acomodado no avião, sobrenadando um acolchoado de nuvens sob a luz solar, vinha matutando: que coisas tão lindas, eu vim de Pernambuco vê na praia de Cumbuco, aqui no Ceará. E supliquei à aeromoça: – Moça, me dê uma bebidinha quente para eu sonhar.
À saída, a mesma aeromoça me perguntou: – O senhor fez boa viagem?
Ao que, meio sonhando, respondi: – Viajando com você, acima das nuvens, eu me senti do céu pra lá.
Sosígenes Bittencourt