Em recente passagem pela Capital Pernambucana estive no Museu Cais do Sertão. O espaço, na expressão da palavra, harmoniza o velho e o novo em um espetáculo que busca revelar à simplicidade da vida do sertanejo, ao passo que transita num universo tecnológico e futurístico sem perder a alma da ideia.
O movimento dos peixes, circulando naquilo que representa o Rio São Francisco para a Região Nordeste, delineando toda extensão do equipamento cultural – que vez por outra somos obrigados a “cruzar o rio” – na qualidade de visitante, nos faz sentir vontade de mergulhar.
Como um dos maiores propagandista da nossa terra, do nosso jeito e da nossa música o Rei do Baião, Luiz Gonzaga, recebeu o merecido destaque. Observar as capas dos seus LPs e ouvir suas músicas no referido ambiente é sentir, verdadeiramente, “Orgulho de Ser Nordestino” – como bem alardeava uma peça publicitária local.
Com relação ao espaço, de maneira geral, poderíamos dizer que é um belo cartão de visita pernambucano para qualquer turista, seja ele de qualquer continente. Apenas, como nota fora do tom, sublinho um detalhe, por assim dizer……
Na sala de projeção – diga-se de passagem, muito bem equipada – um filme com duração de 16 minutos tenta contextualizar o visitante. Confesso que fiquei decepcionado com o roteiro. Na minha modesta opinião, não diz coisa com coisa. Nem se socorreu da chamada linha do tempo para contar a vida do sertanejo – seu calvário e suas vitórias – nem retratou a visão holística do sertão atual. Deu-me a impressão de que o curta-metragem aprofunda e ratifica o tão incômodo preconceito contra o povo nordestino – antecipadamente peço desculpas aos produtores se não tive alcance para entender a mensagem. Para concluir lembro a obra do compositor santonese, Aldenisio Tavares, que bem dialoga com sentimento do povo da nossa região, afinal, sentenciou ele: “ O Nordeste Mudou”.