Eu te amei tanto…
foste meu tudo:
– um lírio da Judéia
que teceu de perfume um manto
e, bem de leve, de mansinho, mudo,
vendou-me os olhos e envolveu-me a ideia…
E como um passarinho esvoaçaste
sobre a minha existência outrora calma.
A mais linda canção tu me ensinaste
porque entraste, cantando, na minh’alma.
Resolveste fugir do meu destino.
Desviaste do meu, o teu caminho
e deixaste, num louco desatino,
meu triste coração sofrer sozinho…
Hoje és somente uma ave sem guarida;
o amargurado sonho que sonhei;
uma folha seca na haste de minha vida,
a cantiga mais triste que cantei…
(Muitas rosas sobre o chão – Henrique de Holanda – pág. 14).