Antes mesmo de ser lançado, o mais novo livro do professor Pedro Ferrer – “Cristais Fissurados” – já tá dando o que falar. O autor, uma “matraca-trica” costumas, principalmente depois que toma uns copos com água que passarinho não bebe, aqui e acolá, vem soltando o conteúdo do livro, que vai muito além de um romance baseado em fatos reais.
O Pedoca, em boa medida, se utiliza de personagens fictícios – inspirados em pessoas bem conhecidas na Vitória de Santo Antão – para descer o sarrafo. Ilustrando um caso real, ocorrido há mais de meio século, ele reproduz um suposto diálogo entre um doutor daqui que mantinha um caso extraconjugal:
“Luzia era analfabeta. Mas a neguinha era inteligente e esperta. Sabia usar seus predicados. O cara preta eriçava quando se aproximava do Bertoldo. Apertava as cochas. Era um ardor só. Quando servia a mesa debruçava-se sobre o jovem. Respirava mais forte para o mancebo sentir seu hálito quente e sensual sobre a nuca. Sebastiana observava tudo e fica remoendo, puta da vida.”
Mas, é bom que se diga que nem tudo é safadeza e putaria. Em várias passagens do opúsculo o professor resgata comportamentos sociais dos nosso antepassados. Com relação ao luto, ele relembra um costume muito forte no seio da sociedade antonense:
“Na Vitória, da primeira metade do século XX, o luto, hábito ancestral, era sagrado. Os mais próximos, cônjuge e filhos, usavam roupas pretas pelo período de um ano. Os mais afastados carregavam uma fita preta enrolada no braço por tempo indeterminado. As vestes do dia a dia, por economia, era tingidas de preto. As de estampas vivas e coloridas, que resistiam à tinta, eram guardadas para serem utilizadas após o luto”.
Portanto, entre momentos picantes, históricos, narrativas de fatos reais e ficção caminhou a pena do ilustre escritor antonense, Pedro Humberto Ferrer de Moraes. Possivelmente, depois de “identificados”, algum parente dos “personagens” poderão querer “apertar o pescoço” do professor….