Estava folheando revistas, de madrugada, e dei de cara com o termo científico que designa o medo de viajar de avião. Você acredita? Duvido que você soubesse que medo de viajar de avião chamava-se PTESIOFOBIA. Anota e põe na carteira para se amostrar por aí.
Numa das viagens que fiz, vindo de Fortaleza, estava ao lado da asa, minha colega só falava na Eternidade e o avião balançava mais do que um barquinho de papel numa bacia d’água. E quem danado ia à cabine? Como a viagem era curta, entornei duas latinhas de cerveja e guardei a vontade de ir ao WC para o aeroporto dos Guararapes.
Mas, medo é medo. O pior é a fobia, que é o medo patológico. Você vê chifre em cabeça de cachorro e teme o que não lhe faria o menor mal. Eu tinha um tio que tinha um medo irracional de gatos. Tomava todas, adorava “gatinhas”, enfrentava um homem, mas temia um gatinho enroscado no sofá. Depois que descobri o termo que designa este pânico, também nunca mais esqueci: AILUROFOBIA. E o mais pitoresco é o medo de ter medo, a tal da FOBOFOBIA. Quem vive lendo, de madrugada, descobre cada coisa danada.
O meu pai era capaz de arrodear um quarteirão para driblar uma rã. Se minha mãe vir uma barata, é capaz de derrubar o prédio para matá-la. Quer dizer, você não tem medo de arriscar a vida para matar aquilo que não significa nenhum risco de morte.
Toda vez que falo de medo de avião, lembro-me de Ariano Suassuna. Perguntado sobre o que achava quando um avião caía, respondeu: – “Eu não fico impressionado quando um avião cai, eu fico impressionado como é que ele sobe.”
Em suma, a humanidade deveria ter medo da depredação do meio ambiente, do desemprego e da pobreza, que transmitem doença e geram violência, isso sim.
Sosígenes Bittencourt