Não existe reposta pronta e simples para os casos que causam forte comoção na comunidade internacional. Com certa razão, alguns indagam: tanta miséria e necessidade passam muitas pessoas bem perto de nós e não movemos uma palha para ajuda-las, porquê, então, vou me martirizar com problemas que acontecem tão distantes mim?
Por mais que a conjuntura econômica atual “exija” das pessoas uma sequência lógica para “vencer na vida”, tal qual o ciclo da natureza (plantar, regar e colher), as emoções e às percepções de cada sujeito planetário (+ ou – 7.3 bilhões de pessoas) não trás em si o seu manual de uso. Tudo acontece “ao vivo”!! Não existe ensaio, não temos à possibilidade da reprise. Cada fato, cada acontecimento impacta de maneira diferente nas pessoas.
O problema na fronteira do México com os EUA, assim como às embarcações que não param de navegar no Mediterrâneo, carregadas de africanos desesperados com destino aos países europeus, a tragédia mais recente não se configura em algo novo no mundo. Aliás, transitar em busca de lugares melhores configura-se à gênese dos animais, dentre os quais destaque para nossa espécie.
À imagem recente que circula no mundo, na qual o pai sucumbe agarrado com a filha de dois anos de idade nas águas do Rio Grande, na cidade de Matamoros, localizada no estado mexicano de Tamaulipas, tentando chegar à cidade texana de Brownsville, aos que já passaram pela experiência de construir família e ter filhos e que, nesse caso, pensam com o coração, é algo devastador e inquietante.
Em surto de lucidez, num passado nem tão distante assim, os humanos descobriram a razão. Sob a luz dos pensamentos científicos, prospectaram um mundo sem problemas, até então, insolúveis. Com o último suspiro da servidão e da escravidão, emblematicamente representada pelo fim do tráfico negreiro, adentramos numa espécie de “gaiola sem grade” que, ao que parece, não nos libertaremos nem tão cedo.
Assim como, hoje, não conseguimos entender tanta crueldade do passado, no futuro, pessoas, assim como nós, farão as mesmas perguntas: como é que pessoas famintas e desesperadas não podiam circular livremente pela superfície do Globo terrestre, em busca da sua sobrevivência?
Não obstante estarmos vivenciando um avanço tecnológico e cientifico nunca antes imaginado, somo obrigados a reconhecer que do ponto de vista da natureza humana, infelizmente, ainda permanecemos nas escuras e frias cavernas da pré-história. Imagino que quanto mais imposições religiosas e regras que facilitem à circulação de capital especulativo existirem, em detrimento ao livre movimento dos seres humanos, mais distantes estaremos do “paraíso” que nos propôs a criação suprema. Definitivamente, vida é mais fácil para quem acredita em papai noel…..