Volto ao blog do Pilako. Há dias falamos da “casa de ferreiro com espeto de pau”.
Hotel Fortunato. De acordo com Aragão o Hotel Fortunato foi fundado em 1896. Não diz construído. Pouco importa. Nas minhas andanças pela madrugada a dentro deparei-me com o jornal “A Província”, de 22 de outubro de 1901, órgão do partido Liberal em Pernambuco. Aprofundei a pesquisa e minha curiosidade levou-me à seguinte matéria. “CIDADE DA VICTORIA – Novamente no seio deste bom povo victoriense, folgo de publicar as agradáveis impressões, que a sua generosidade e lhaneza tem produzido em meu espírito”
O missivista continua com rasgados e arraigados elogios a nossa cidade e a sua gente. Elogios ao senhor Fortunato e esposa: “o acolhimento benévolo, o tratamento captivante, que hei recebido do estimável sr. Fortunato, em cujo hotel me acho hospedado, impõem-se ao meu ilimitado reconhecimento – reconhecimento que devo tornar extensivo a sua exma. Esposa, por muitos títulos digna do maior apreço”. Por aí vai e continua se desmanchando em elogios ao casal e às instalações do hotel. “Agora mesmo o sr. Fortunato está ultimando a construção de dous prédios, chalets, – confornte à estação- em os quaes pretende definitivamente instalar-se”. Podemos concluir que em outubro de 1901 o Hotel Fortunato não estava concluído.
“ Esses edifícios – adequadamente feitos com espaçosas e hygienicas acomodações, vão assim constituir-se em breve n´uma das primeiras casas no gênero.”
O missivista conclui: “A cidade da Victoria, pela sua situação corographica e a natural bondade de seus munícipes, bem merece um logar distincto entre as suas irmãs deste estado, e é com prazer que prevejo o salutar impulso, que lhe imprimirá o novo hotel Fortunato”. (As. Ricardo Correia Lima, 21 de outubro de 1901).
E hoje? Por quanto anda o Hotel Fortunato? Quantas reuniões políticas, festivas, culturais e cívicas em suas dependências! Cleto Campelo quando por aqui esteve e parou, esticou o esqueleto em uma espreguiçadeira do seu terraço. Nele, Inácio de Lemos reuniu-se com João Cleofas e Thedomiro Valois Correa para engendrarem a ideia do nosso aeroclube. Em seu refeitório foram recepcionados os interventores Carlos de Lima Cavalcanti e Agamenon Magalhães. É longa a lista. Mais longa são a história e as recordações que guardavam aquelas paredes.
Bela construção, na mesma linha do chalet de Dona Isabela Paes Barreto, madrasta do padre Felix Barreto. Ambos, por nossa insensatez, em nossa memória, um monte de pó. Outras belas construções na cidade sofrem contínuas ameaças. A cupidez dos empresários e corretores não tem limite.
Pedro Ferrer