Na cidade, a iluminação frenética
do Salvador, a chegada anunciava
e contrastando com tal paisagem estética
na calçada um pobre negro agonizava.
Era a figura doente de uma criança
filha de um erro, fruto de um pecado
e nos olhos tristes de seu corpo nu, gelado
não se via nenhum fio de esperança.
Aproxima-se dele um maltrapilho.
Toma-o nos braços como a um filho
retirando-o daquele leito de cimento.
Meia-noite, então, anuncia o sino.
E nesta hora exata do Nascimento
morreu, à míngua, mais um Jesus-Menino.
Aluísio José de Vasconcelos Xavier