O meu casulo é como um ventre:
Lar, descanso, refúgio, parada.
Não há dor ou maldade que entre.
Tranqüilo, seguro, minha morada.
E, feito uma borboleta, sinto-me em formação.
Cada som, cada odor, parece me chamar
Aguça meus sentidos, minha imaginação…
Desperta em mim o desejo de voar.
Mas minhas asas são delicadas e pequenas
E meu vôo é rasante e bem curto
Mesmo sendo eu consciente e serena
A minha vontade é apenas um surto.
Porque os cordões ainda estão amarrados.
Nas teias emboladas e grudentas me prendo.
Meus planos e sonhos, abandonados
Levados pela correnteza a qual me rendo.
Rosângela Martins é Poeta vitoriense.