Com vontade de brincar,
essas travessas meninas,
que trelam no teu olhar,
correram. (Vê, que traquinas!)
ao encontro dos meus olhos….
Nenhuma pensou em ter
escolhidos dois abrolhos
p’ra brincar de se esconder.
E além das tais “buliçosas,”
que nasceram pra brincar,
deixaram mais duas rosas
de tuas faces saltar…
E de amor pela escalada,
fugidas, muito em segredo,
ei-las com a rapaziada,
para animar o brinquedo.
– Do teu semblante, o viver;
teu sorriso, teu carinho,
tua voz, bem doce e calma,
…p’ra brincar de se esconder…
E deixei tudo, tudinho,
esconder-ser na minh’alma.
P’ra torná-los mais seguros,
fechei-os com a chave de ouro
da mais dourada ilusão,
nos recôncavos escuros
que transformaste em tesouro,
bem aqui, no coração.
Fugir do meu peito, agora,
deseja o bando inocente…
A chave, tenho-a perdida!
Minha ilusão foi-se embora!
E ficaste eternamente
fechada na minha vida.
(Muitas rosas sobre o chão – Henrique de Holanda – pág. 6 e 7).