Eis-me a cantar em surtos de alegria,
Teus encantos, MARIA!
Tornando minha, numa exultação
do universo a sublime orquestração,
com a gargalhar do vento que esfuzia,
cantarei teus encantos, MARIA!
Com as ondas que na praia murmurantes,
em vaivens ritmados, soluçantes,
quebram, gemendo lânguida alegria,
cantarei Teus encantos, MARIA!
Com o riacho que múrmuro serpeia,
entre cascalhos, sobre a branca areia,
com a brisa vaporosa que cicia,
cantarei Teus encantos, MARIA!
Com os sons das salvas que perturbadores
semelham flautas, timbales, tambores,
em cadências de estranha sinfonia,
cantarei Teus encantos, MARIA!
Na beleza da flor que em seu hastil,
desabrocha, esplendendo graças mil,
no perfume que esparze e que inebria,
cantarei Teus encantos, MARIA!
No fragor do oceano temeroso,
que ruge, que esbraveja proceloso,
na limpidez do lago em calmaria,
cantarei Teus encantos, Maria!
Na voz do passaredo em clarinada,
anunciando a fúlgida alvorada,
em notas solfejadas com mestria,
cantarei Teus encantos, MARIA!
E quando a morte à porta me bater,
ponto termo ao meu mísero viver,
então, minh’alma leve, desprendida,
das cadeiras tirânicas da vida,
numa escala de sons altissonantes,
sustenizados, álacres, vibrantes,
junto a Jesus, por toda a eternidade,
para sua real felicidade,
cantará em rebates de alegria
TEUS ENCANTOS, MARIA!
Leonor Paes Barreto, irmã beneditina, nasceu na Vitória de Santo Antão. Exímia musicista, poetisa e religiosa exemplar.