Na restrição, pra mim, de desfavor,
destas quatorze linhas d’um soneto,
Eu nem de leve tocarei no amor;
a falar sobre sonhos não me atrevo.
Eis que se foi embora um bom quarteto!
quero falar do sol, no esplendor,
das estrelas, do mar; não intrometo
o coração, em cousas de valor.
Sei da história do mar apaixonado
por Diana que o fita com dulçor,
na ausência do sol, seu namorado.
Mas, já se viu que cérebro demente?
quero banir deste soneto o amor
e um soneto fazer de amor somente!…
Manoel de Holanda