Falecido aos 54 anos, em São Paulo, na plenitude de suas atividades literárias, o escritor vitoriense Osman Lins (1924 – 1978), continua lido, estudado e publicado. Com o selo editorial da CEPE, sob a organização do professor da UFPE, Anco Márcio Tenório de Oliveira, acaba de ser lançado o primoroso trabalho de 380 páginas de título, Osman e Hermilo, seleção de 199 cartas trocadas entre os escritores pernambucanos Osman Lins e Hermilo Borba Filho (Palmares 1917 – Recife 1976), de forma regular durante anos.
O estudo do professor Anco Márcio é uma verdadeira imersão na obra desses consagrados autores, pela inclusão de 1.600 notas explicativas e comentadas no rodapé das páginas. Há curiosidades, comentários , críticas, nessas missivas, que têm como pano de fundo a literatura, o teatro e o momento político do país em seus diversos cenários. Sobre Osman, por exemplo, um dos originais de seu livro Avalovara, romance, de 1973, chegou a ser recusado pela editora Globo. Mais tarde, a editora Melhoramentos aceitou a publicação, traduzida para o inglês, pelo mesmo tradutor de Machado de Assis, Jorge Amado, Guimaraes Rosa, o americano Gregory Rabassa, da Universidade de New York. O professor Rabassa, falecido há poucos anos, foi oficial da inteligência e criptografo durante a Segunda Guerra Mundial. Uma mente privilegiada.
Seria iniciativa auspiciosa o lançamento dessa obra fundamental na terra natal de Osman Lins, com o apoio do Instituto Histórico e Geográfico do município, assim como da Academia Vitoriense de Letras, e faculdades, verdadeiros relicários da difusão do conhecimento e da intelectualidade na Terra das Tabocas. LER É DESCOBRIR.
Ronaldo Sotero