Essa história de homenagear Dilson Lira é uma invenção arretada. E não custa parabenizar a Academia Vitoriense de Letras que promoveu Recital em sua memória. Se lá onde estiver, puder me ler, estará sorrindo, como sempre sorriu com minhas expressões.
Faz pouco tempo, eu ia atravessando a Avenida Mariana Amália, com o poeta Dilson Lira, quando ele parou no meio do trânsito e disse que havia sonhado com a Constelação de Eridanus, o Rio Celeste. Aí, eu, conduzindo-o pelo braço, relembrei: Nós somos do tempo que havia tempo de acompanhar a réstia do sol e contar estrelas.
Eu dizia a Dilson que não era muito chegado a CASAMENTO nem SEPULTAMENTO, talvez pela semelhança que enxergava entre as cerimônias. E ele botava pra rir.
Geralmente, lá na padaria, onde comia pão com bolo e chupava caramelo de café.
Aí, eu comentava: “Dilson, você vai viver muito porque não come e vai morrer porque não come.” E ele botava pra rir.
Mas, Dilson não deu asas ao Mal de Alzheimer, decorou todas as poesias que confeccionou. E, falando-lhe sobre ser poeta, eu o homenageava com meus versos, a saber:
Essa história de ser poeta é dom.
Um bom dom.
O poeta não faz poesia com as flores,
com o mar,
com o céu,
sem a intenção de que você
habite sua poesia.
Ou seja,
sinta o aroma das flores,
a imensidão do mar,
o mistério do infinito.
Sosígenes Bittencourt