Em recente debate na Rádio Jornal, no programa comandado pelo “comunicador da maioria”, Geraldo Freire, o tema abordado pelos debatedores “viajou” pela memória afetiva da chamada boêmia recifense. Já maduros, mais ou menos na casa dos 70 anos, eles elencaram os pontos comerciais e clubes sociais que marcaram época e os que resistiram ao “senhor” tempo e continuam de portas abertas.
Nesse flerte com o tempo pretérito, teve um deles que, aos dez anos de idade, disse haver passado num espaço que só permitia a entrada de pessoas com idade acima de 22. Ele, então pensou: “poxa…. quanto eu estiver com 22 anos já estarei velho….” Depois de citar os expoentes da boêmia do “seu tempo”, disse outro: “ os verdadeiros boêmios não deveria morrer nunca!”
Numa rápida conexão com a Terra de Santo Antão danei-me a imaginar sobre a chamada boêmia antonense. Boêmia, ao pé da letra, quer dizer: “roda de intelectuais, artistas etc. que leva a vida de modo hedonista e livre, bebendo e divertindo-se”. Muitas vezes esse estilo é censurado por boa parte da sociedade, sobretudo no tempo em que os costumes eram mais conservadores e rígidos.
Retratando o tema na nossa polis, seria missão impossível não percorrer os caminhos que desaguava na Rua Primitivo de Miranda. Lá – no auge – um dos espaços do gênero mais famosos do Estado de Pernambuco, referenciado por alguns intelectuais “puros” e acima de qualquer suspeita, na sua época, de “Vale dos Prazeres”, em boa medida, foi o um dos pontos de encontro mais assíduo e longevo da fina flor da sociedade antonense.
Assim sendo, acho que esse tema – boêmia – na nossa cidade deveria ser mais explorado. Aliás, temos um bom material nos jornais impressos e ainda alguns “coroas” que poderiam contribuir com suas lembranças e oralidades.