Perdemos o último dos moicanos ou melhor o último membro, salvo melhor juízo, da famosa “Corriola” criada, aqui, nos anos cinquenta e hoje brilhantemente substituída, inclusive com mais glamour, pela Missão Cultural da Matriz. Aluísio e parceiros (Dodó da Gamela, Zé Palito, Zezinho Mesquita, Mizura, José Augusto Ferrer, Miro Caboclo, Zequinha Vieira, Biu Cândido, Wilson Bruto, Eliel Tavares, Donato, outros, outros e outros que me fogem à memória) criaram um grupo de jovens com a finalidade primordial de encherem o quengo e curtirem a vida. Resumindo: farrar.
Aluísio sofreu noventa e dois anos de exílio e agora retorna à casa do Pai. Aqui deixa o que tinha de menor valor: seu corpo, sua matéria. Leva suas boas ações e suas virtudes. Conhecemos e convivemos bem com Aluísio Ferrer. Homem de caráter e temperamento forte. Às vezes exagerava um pouco. Em nossos diálogos, às vezes um tanto ásperos, prevalecia a harmonia e a civilidade. Recordamos que certa feita, discutindo sobre religião, afirmamos:
– fulano é católico praticante.
Ele retrucou:
– “não há católico praticante; há católico. É, ou não é. Há pessoas que afirmam serem católicos, mas não frequentam a igreja, não suportam padres e dogmas. Não o são”.
Assíduo frequentador da missa das 6:30 h, aos domingos na matriz de Santo Antão; amigo fiel do Monsenhor Renato Cavalcanti. Sua prática religiosa extrapolava as muralhas do templo. Sempre solícito procurava viver o cristianismo no que ele tinha de mais autêntico: amor ao próximo.
Aluísio Ferrer foi casado em primeiras núpcias com a antonense, Emília Siqueira, irmã do jornalista e escritor Júlio Siqueira, com quem teve 4 filhos: Alexandre, Joaquim Augusto, Aluísio e Severino José. Viúvo, casou-se com Angelita, nascida no Recife. Em Vitória de Santo Antão foi aluno do professor Aragão. Concluído o ginásio seguiu para o Colégio Marista sendo aluno destaque. Na UFPE cursou Economia. Retornando à terra natal assumiu seu posto no Engarrafamento Pitú, ao lado do pai, Nô Ferrer. Empresário responsável e dedicado deu forte contribuição ao progresso e pujança da empresa Pitú. Através dos clubes de serviços sempre manteve sintonia com as questões sociais.
Aluísio, sentiremos falta do teu vozeirão e de tuas explosões. Mas fica, e por isso agradecemos a Deus, termos convivido com pessoa tão especial, tuas histórias, teu companheirismo, tua solidariedade e fidelidade aos amigos. De uma imensurável dedicação à mãe, dona Áurea Ferrer.
Aluísio deixou-nos corporalmente. A morte é uma passagem. Libertou-se da matéria e agora ao lado do PAI CRIADOR, usufruirá do bem que aqui plantou. Parta em paz, Aluísio, e obrigado por tudo que fizeste em vida por tua família, teus amigos e sobretudo pela República das Tabocas, ou melhor, República da Cachaça, já que tu também apreciavas a “branquinha”.
Homenagem dos seus amigos e admiradores