(Vitória de Santo Antão, 26 de março de 2020 – 23:35h) No compasso global e nacional o cotidiano da nossa aldeia – Vitória de Santo Antão – segue estranho aos dias normais, por assim dizer. Registramos hoje, por volta 19h, o Pátio do Livramento. Tudo lento e silencioso. Indiferente e alheio ao tal coronavirus só o Anjo, no alto do seu pedestal, de costas para o problema.
Esse silêncio ensurdecedor causa medo, pavor e dúvidas. A população continua assustada! Nada se compara, evidentemente, ao pior momento coletivo já vivido pelos antonenses. Na bucólica e nova cidade da Vitória (1843), logo nos primeiros anos da segunda metade do século XIX, a então “metrópole” conheceu o inferno, em função da cólera. Entre outras cenas dantescas, os registros descrevem fogueiras acesas, dias e noite, na queima de alcatrão para vencer o mal, que tinha como aliado as poucas informações das autoridades de então. Resumo da macabra ópera: inúmeras vidas ceifadas e o pior momento já vivido pela população, na terra desbravada pelo português Diogo de Braga.
Na inquietante trilha global, na qual estamos vivenciando agora, no último ano da segunda década do século XXI, a vida também não está fácil, sobretudo aos pertencentes das camadas menos abastardas financeiramente. O isolamento social, regulamentado através dos decretos estaduais e municipais, implica deixa de trazer o pão nosso de cada dia para dentro de casa.
Nas primeiras horas do dia a cidade ainda “se move”, mesmo que homens protegidos sejam vistos aspergindo produtos químicos sob vias urbanas, logradouros e bancos de praça, em pleno centro comércio, na tentativa de combater o invasor invisível. Não bastasse todas incertezas, outra cena para entrar no cardápio dantesco da nossa história.