Em matéria postada em nosso blog, recentemente, pontuei que todos os prefeitos da Vitória de Santo Antão do século XXI, enquanto gestores da Capital da Zona da Mata, não mediram esforços para ampliar o seu “grupo político familiar”. Cada qual ao seu modo e estilo promoveu e ampliou o seu o raio de atuação política no estado, representado na figura e no sobrenome familiar.
O Zé do Povo, por exemplo, elegeu o então vereador Aglailson Júnior ao cargo de deputado estadual. Os outros três prefeitos seguintes – Elias Lira, Aglailson Júnior e Paulo Roberto -, produziram e promoveram seus respectivos rebentos ao status de “lideranças estaduais”. Vale lembrar que os três primeiros (prefeitos) já haviam ocupados espaços no parlamento estadual, diferentemente do Paulo que, no cenário estadual político, apenas havia disputado uma vaga de deputado federal, conseguindo assim abrir um “espaço novo”, nesse caso, para a filha na Câmara Federal – tornando sua empreitada política ainda mais destacada.,
A vitória eleitoral da filha do prefeito Paulo Roberto ao cargo de deputada federal, no último pleito (2022), sem sombra de dúvida, recolocar nossa cidade no grande debate da geopolítica pernambucana. Atualmente temos três deputados estaduais e na próxima legislatura – além dos mesmos três – teremos também uma deputada federal. Isso não é pouca coisa. Não custa lembrar que cidades importantes como Caruaru e Petrolina (em 2022) perderam representatividade nas duas casas legislativas.
Para facilitar o trabalho dos historiadores – no futuro –, no sentido da “leitura” dessa contundente e expressiva vitória nas urnas da postulante Iza Arruda, onde a mesma ultrapassou a robusta marca dos 100 mil votos no estado (103.950 – 2,08%), devemos ser justos e ampliar o contexto em que ela (vitória) ocorreu.
Neófita na atividade, a jovem senhora Iza Arruda foi uma aluna aplicada. No processo de construção do “personagem político” a mesma demonstrou uma competência sus generis, auto conhecimento e a melhor de todas as habilidades, ou seja: capacidade de transformação pessoal e adaptação ao novo e impiedoso cenário político. No mais, todos os louros pelo êxito eleitoral, deverão ser creditados ao seu pai, o prefeito Paulo Roberto.
Do ponto de vista político eleitoral, Paulo demonstrou uma capacidade logística acentuada, mesmo tropeçando inicialmente na escolha do “seu governador”. Em 2018, ao entrar nessa mesma disputa (deputado federal) – conseguindo a 2ª suplência no partido (40.742 – 0,92%) – Paulo já havia demonstrado um forte perfil no quesito competividade.
Sim! Mas como um candidato competitivo poderia repassar – 4 anos depois – mais do que o dobro dos votos que recebeu? É aí que devemos ser justos, mais uma vez!
Na política existe uma palavra que vai muito além da sua tradução semântica, ou seja: estrutura. Essa é palavra “mágica” e o principal combustível para uma campanha estadualizada, isto é: abre portas de gregos e troianos, dos amigos e inimigos, dos conhecidos e desconhecidos…e etc.
Não podemos ser ingênuos ao ponto de imaginar que lideranças de outras cidades (“cobras criadas”) mergulharam na campanha da ilustre desconhecida Iza Arruda apenas por encantamento ao seu discurso, ou mesmo por acreditarem que suas respectivas cidades seriam agraciadas por um motão recursos do Governo Federal. Não! Não é bem assim que as coisas acontecem nesse mundo próprio da política…
Mas independente de qualquer coisa a vitória eleitoral e política aconteceram. E isso é uma sinalização importante para e também ao eleitorado antonense, no sentido do próximo pleito municipal, no qual o atual prefeito deverá se colocar como candidato à reeleição. Mas enquanto 2024 não chega, do ponto de vista da política estadual e federal, acredito que pelo menos duas mudanças deverão acontecer:
1ª – os recursos e a atenção, provenientes do mandato de deputada federal Iza Arruda, obrigatoriamente deverão ser aplicados de maneira proporcional ao mapa geopolítico da sua votação, ou seja: algo em torno de 30% só em Vitória. Lembremos que foi na República das Tabocas que a mesma fora agraciada com 42,37% dos votos válidos (31,987) ou cerca de 30% do total da sua votação.
2ª – inevitavelmente, com a vitória de Iza e a não reeleição do atual deputado federal e presidente do MDB estadual, Raul Henry, o comando do partido deverá ser compartilhado com os atores locais, ou seja: o prefeito Paulo Roberto e o presidente municipal da sigla, Alexandre Ferrer.
Portanto, essas são algumas das minhas impressões quanto ao resultado do último pleito, no que se refere à dilatada vitória nas urnas da deputada federal Iza Arruda. Desejamos a mesma e aos que com ela deverão trabalhar, serenidade e sucesso!