Mãe Gilda, vida e morte de luta contra a intolerância religiosa.
Esta é a ialorixá Gildásia dos Santos, a Mãe Gilda.
Símbolo da luta contra a intolerância religiosa, a ialorixá é fundadora do Ilê Axé Abassá de Ogum, Terreiro de Candomblé localizado nas imediações da Lagoa do Abaeté, em Salvador/BA.
Como todos aqueles que lutam pelo respeito à sua ancestralidade africana neste país, Mãe Gilda sofreu com ataques de preconceito, ódio, intolerância e violência.
No caso dela, custou a própria vida.
Em 1999, teve a sua imagem utilizada no jornal Folha Universal, vinculado à Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), com a manchete “Macumbeiros charlatões lesam o bolso e a vida dos clientes”.
Na época, a reportagem dizia que estava crescendo um “mercado de enganação” no país.
E o pior, com um detalhe sórdido: a imagem de Mãe Gilda aparecia com uma tarja preta nos olhos.
A publicação dessa foto marcou o início de um doloroso, porém importante processo de luta por justiça da família e de todos os religiosos do Candomblé.
Infelizmente, dada a fragilidade do momento, adeptos de outras religiões hegemônicas sentiram-se no direito de atacar diretamente a casa de Mãe Gilda, agredindo-a, verbal e fisicamente, dentro das dependências do terreiro, até quebrando objetos sagrados lá existentes.
Diante desses fatos, com a saúde fragilizada, Mãe Gilda não suportou: o seu estado piorou, sofreu um infarto e ela faleceu no dia 21 de janeiro de 2000.
Custa-nos a acreditar, mas, periodicamente, o busto que foi erguido em sua homenagem dentro do Parque do Abaeté (foto), em Salvador, é alvo de atos de racismo religioso.
O autores desses atos costumam justificar a conduta dizendo que apedrejam “a mando de Deus”.
Racismo religioso é crime.
O primeiro passo para cultuar uma religião é aprender a respeitar as demais.
Desde 2007, celebra-se em 21 de janeiro o “Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa”, em memória de Mãe Gilda.
.
Siga: @historia_em_retalhos
https://www.instagram.com/p/CnsErNCuhF-/?igshid=MDJmNzVkMjY%3D