Completa um ano hoje, dia 1º de março, uma notícia que deixaria o mundo em alerta, o anúncio do presidente russo Vladimir Putin, segundo o qual dava por concluídos os testes de uma das suas mais poderosas armas e a qualificava como “invencível”, “indetectável” e “sem limitação de alcance”, “capaz de cruzar os polos e de provocar o mesmo impacto tanto na Europa quanto nos Estados Unidos”: o novo míssil balístico intercontinental, o RS-28 Sarmat, que a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) chama de “Satã 2”. Segundo Putin, o míssil é capaz de lançar 15 ogivas nucleares em qualquer lugar do mundo e faz qualquer país “pensar duas vezes” antes de fazer ameaças contra a Rússia, pois a arma “é capaz de superar todos os meios modernos de defesa antimísseis”. Conforme uma associação norte-americana que luta contra a proliferação de mísseis, seu potencial seria equivalente ao de 12 bombas atômicas “clássicas”, indetectáveis.
Botticelli (1445-1510), amante da beleza, desenhou uma fera repulsiva para ilustrar o Satã de Dante. Na sua Biografia do diabo, o crítico Alberto Cousté (1940-2010) afirma que o Diabo é uma imensa dor de Deus. É visto nas narrativas de grandes autores do cânone ocidental. O escritor Eça de Queirós (1845-1900) no conto O Senhor Diabo afirma que Satã é a figura mais dramática da História da Alma. O mesmo será visto por Goethe (1749-1832), Willian Blake (1757-1827), Lord Byron (1788-1824), Honoré de Balzac (1799-1850), Victor Hugo (1802-1885), além de Dostoiévski (1821-1881), Charles Baudelaire (1821-1867), Thomas Mann (1875-1955). Grandes vultos das nossas letras, do romance, da dramaturgia, das artes e do cinema, dentro dos rigores imperativos estéticos, fazem pensar nesse execrável e tinhoso personagem, aquele que perambula sem rumo certo pela terra, cujo nome as pessoas preferem não pronunciar. O tema fora já visitado no Brasil por Machado de Assis (1839-1908), Gregório de Matos (1636-1696), Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982), Guimarães Rosa (1908-1987) – A subjetividade do personagem Riobaldo entre Deus e do Diabo; na obra fílmica de Glauber Rocha (1939-1981), nas pistas analíticas lançadas por Gilberto Freyre (19001987), no teatro e no romance de Ariano Suassuna (1927-2014), na ficção de Eduardo Galeano, (1940-2015), nos ensaios de Antônio Cândido (1918-2017). O demônio é visto no Teatro e na ficção de Osman Lins (1924-1978), no romance e no Teatro de Hermilo Borba Filho (1917-1976); na arte de Gilvan Samico, (1928-2013), no Teatro de Ladjane Bandeira (1927-1999), na sua única peça, A Viola do Diabo, injustamente esquecida, (como tem sido também esquecida a sua grande pintura), sem falar da nossa secular literatura de Cordel. A arte, no mundo inteiro, tem sido uma ferramenta escolhida para retratar o imaginário do Satã, a Serpente primordial do Caos, a obsessão diabólica vista atualmente em 30 regiões do mundo com a presença de conflitos armados.
Além de meras citações, de livros que, se brincar nunca leu, o cidadão poderia ter divagado sobre o tema….etc.