O ano era 1998.
Naquele ano, o então governador de Pernambuco Miguel Arraes era candidato à reeleição.
Em julho, aconteceria o Festival de Inverno de Garanhuns e o grande Dominguinhos cantaria, pela primeira vez, em sua terra natal.
Um fato, porém, agitou aquela escalação.
Antes do festival, Dominguinhos declarou publicamente o seu apoio a Jarbas Vasconcelos, o adversário de Arraes no pleito que se avizinhava.
Acredite se quiser, mas, em razão dessa declaração, começaram a surgir rumores de que a Fundarpe estaria sendo pressionada a cancelar a contratação de Dominguinhos, retirando-lhe o direito de cantar em sua terra natal, apenas por manifestar a sua opção política.
O assunto, então, chegou ao conhecimento de Arraes, que afirmou o seguinte:
“Ele vai se apresentar e eu vou estar lá pra assistir seu show pessoalmente. Não tem sentido fazer uma pessoa livre se ajoelhar. E não se aprisiona e nem se persegue um artista do povo por questões políticas e eleitorais”.
No dia do show, Arraes cumpriu a promessa e foi até Garanhuns.
Ao saber da presença do governador no camarote, o genial sanfoneiro disse-lhe de cima do palco:
“Doutor Arraes, não vou votar no senhor, mas jamais esquecerei esse seu gesto comigo de me assegurar cantar neste festival pela primeira vez. Um sonho que eu acalentava e que a sua gestão me proporcionou realizar. Deus o abençoe”.
Mais de 60 mil pessoas presentes na Praça Guadalajara aplaudiram os dois.
Que bela lição de civilidade e democracia.
É disso que esse país precisa.
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