Vida Passada… – D. Silvério Pimenta – por Célio Meira

Célio Meira – jornalista e escritor

Manuel Seabra e Antônio Gurgel, velhos educadores mineiros, de Congonhas do Campo, conta o ilustrado historiador do “Galeria Nacional”, foram os professores, na escola primária, em 1850, mais ou menos, de Silvério Gomes Pimenta, menino de olhos vivos, e de coração piedoso, a quem o destino traçara jornada luminosa, pela terra, ao serviço de Deus. Matriculado no glorioso Seminário de Mariana, obteve, o jovem Silvério Pimenta, aos 21 anos de idade, o presbiterato, fazendo sua festa de levita, afirma aquele historiador, ao lado de seu padrinho, D. Antônio Ferreira Viçoso, na matriz da famosa Sabará.

Três anos mais tarde, viajando pela Europa, padre Silvério visitou Pio IX, que, abençoando-o, o convidou para pregar nas velhas igrejas de Roma. E nas arcadas, nas abóbadas sagradas dos famosos templos religiosos da Cidade Eterna, reboou a palavra moça, fascinante, e cheia de emoção, desse ilustrado brasileiro, que seria, com a rotação do tempo, príncipe eminente, no reinado de Jesus.

Deus o acolheu, em 1890, para dirigir o bispado de Mariana, da mesma terra histórica, onde padre Silvério passou a mocidade, no Seminário, guardando, no espírito, as lições dos mestres, e , no coração, a moral do Nazareno.

Homem de Fé e homem de letras, d. Silvério, latinista, orador fulgurante, jornalista, e poeta de sensibilidade, realizou, obra notável na sua diocese, alcançando, em pouco tempo, no Brasil e no estrangeiro, renome e glória. E quatorze anos depois, o Vaticano elevou o arcebispo, na mesma terra de Minas, o eminente prelado, nascido a 12 de janeiro de 1840, na antiga Congonhas do Campo.

E quando a morte arrebatou o acadêmico e jornalista Aleindo Guanabara, a Academia de Letras elegeu o arcebispo de Mariana. Recebeu-o, em 1929 na Casa de Machado de Assis, o polemista Carlos de Laet, que alfinetou, malicioso, a memória daquele gigante da imprensa brasileira. A oração do novo ocupante, àquele tempo, da cadeira nº 19, é, na verdade joia literária, de fino lavor. E dois anos decorridos desapareceu, levado pela morte, o grande arcebispo, que na Igreja e na Academia, foi o Príncipe da virtude e o Príncipe da Sabedoria.

Célio Meira – escritor e jornalista. 

LIVRO VIDA PASSADA…, secção diária, de notas biográficas, iniciada no dia 14 de julho de 1938, na “Folha da Manhã”, do Recife, edição das 16 horas. Reuno, neste 1º volume, as notas publicadas, no período de Janeiro a Junho deste ano. Escrevi-as, usando o pseudônimo – Lio – em estilo simples, destinada ao povo. Representam, antes de tudo, trabalho modesto de divulgação histórica. Setembro de 1939 – Célio Meira.

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