Santo Antão – por Pedro Ferrer

A Igreja Católica no decorrer de sua história atravessou sérias crises tanto teológicas, como morais. Em algumas saiu chamuscada. Chamuscada mas vitoriosa. Vitoriosa, por não ser dirigida por homens, mas sim pelo Divino Espírito Santo. E esse mesmo Espírito intervia nas crises através de sua divina pedagogia. Sabiamente utilizava os próprios homens. Fazia deles, com traumas algumas vezes, é bem verdade, instrumentos de seu magnífico plano, sem agredir, o que o homem tem de mais sagrado, sua liberdade.

No início do cristianismo, por influências do judaísmo e dos sábios gregos, surgiram muitas dúvidas doutrinárias que geraram as primeiras grandes heresias. Para combatê-las, o Divino Paráclito, lançou mão de seus doutores, os grandes padres da Igreja. Era a época da Patrística. Entre muitos temos: João Crisóstomo, Basílio, Inácio de Antioquia, Atanásio, Clemente de Alexandria,  Gregório de Nissa,  Jerônimo, Ambrosio,  Agostinho.

Na obscura Idade Média, novamente a Igreja entra em crise, dessa feita, mais moral que teológica. Entretanto o Espírito de Deus vela por ela. E através dos próprios homens, como Francisco de Assis e Catarina de Sena, encontrou-se a solução.

O mundo evoluiu.  Eis que entramos na efervescência do Renascimento e da Reforma. Mais uma vez o Espírito Santo pedagogicamente vai buscar  Inácio de Loiola, Teresa de Jesus (Teresa de Ávila), Erasmo de Rotterdam, Tomás Moro etc. Personagens cultas, formadoras de opinião, expoentes da intelectualidade cristã. O Pai, com seu carinho, vai ajudando o homem a crescer e os obriga a encontrarem as soluções. Após o Renascimento vem o período Barroco e a Contra Reforma. Nele vamos encontrar  Vicente de Paulo, Bossuet e João Batista de La Salle.

Nos dois últimos séculos despontam, Frederico Ozanam, Charles Péguy, Leão XIII, João XXIII, Pedro Casadálgia e Helder Câmara. Poderíamos citar muitos outros, todavia os mencionados são aqueles que primaram em levar a Igreja a trilhar seu caminho mais original e mais autêntico, a caridade.

E o que tem Santo Antão a ver com essa maravilhosa epopeia da Igreja? Retornemos aos primeiros séculos. Santo Antão foi contemporâneo de alguns dos Santos Padres.

Os Santos Padres, é importante frisar, nasceram num marco teológico que foi se originando a partir do Novo Testamento e são os detentores do legado da Igreja apostólica. Legado que tinha como principal opção, os pobres e os oprimidos.

Alguns dos Santos Padres da Igreja, como é o caso de Agostinho, que tinha dois anos de nascido quando Santo Antão morreu, receberam forte influência da carismática figura que era Santo Antão. Sua contagiante personalidade irradiou-se por muitos séculos.  Seu exemplo de fé, de desprendimento, de amor aos pobres marcaram, não só Santo Agostinho, o principal doutor da patrística latina, mas uma multidão de monges. Santo Antão com sua vida contemplativa solidificou e expandiu a prática monástica. Vale registrar a considerável marca que nosso PADROEIRO imprimiu na vida de Atanásio, um dos Santos Padres. Atanásio, quando jovem, atraído pela vida ascética, foi viver ao lado de Santo Antão que levava uma vida austera e contemplativa no deserto. Um dia, Alexandre, o Bispo de Alexandria, cidade egípcia que fica às margens do Mediterrâneo, visitando Santo Antão, conheceu Atanásio. Convidou-o para ir assessorá-lo em Alexandria e o ordenou diácono. Nessa época surgiu o arianismo, heresia que negava a divindade de Jesus Cristo. Essa doutrina causou muitos estragos entre os cristãos da época. Silenciosamente, pedagogicamente, “sem querer, querendo”, o Divino Espírito chamou Atanásio, que se tornou o cruzado da divindade de Jesus Cristo. Assumiu a causa, defendeu bravamente a ortodoxa doutrina, atraindo para si muitos inimigos.

Mais tarde, Atanásio, que foi canonizado após sua morte, enlevado pelo exemplo de Santo Antão, resolveu escrever lhe a biografia. Biografia essa, que tornou Santo Antão mais conhecido, difundindo seu exemplo, colaborando para propagar e solidificar a vida monástica.

Professor Pedro Ferrer

 

1 pensou em “Santo Antão – por Pedro Ferrer

  1. O douto amigo Pedro Ferrer, por quem tenho uma profunda admiração, coloca num mesmo “balaio de gatos” figuras que mudaram o mundo ocidental pra melhor, com coisas que foram frutos da pior ideologia que surgiu neste mundo: o comunismo!
    O dileto amigo e professor, ex religioso celibatário, consegue enxergar nas figuras de Helder Câmara, e Dom Casaldaliga envergadura moral, religiosa e espiritual tal qual a de João Crisóstomo, Basílio, Inácio de Antioquia, Atanásio, Clemente de Alexandria, Gregório de Nissa, Jerônimo, Ambrosio, Agostinho.
    Quiçá, se vivos estivessem, o excomungariam in evitandum!
    Impressiona-me tais comparações!
    João Crisóstomo, Basílio, Inácio de Antioquia, Atanásio, Clemente de Alexandria, Gregório de Nissa, Jerônimo deixaram para a humanidade a religião católica; já Dom Helder e Casaldaliga deixaram (apesar de serem minúsculos em comparação aos Santos da antiguidade) o Caos, posto que, difundiram ideologias meramente humanas, e que contradizem a fé dos Apóstolos!
    Ora: Jesus nos disse que “Portanto, pelos seus frutos os conhecereis”, e é pura verdade: Santo Agostinho sempre nos levou a Cristo; São Jeronimo nos legou a compilação de livros que hoje chamamos de Bíblia; São João Crisóstomo foi um arcebispo de Constantinopla, e um dos mais importantes patronos do cristianismo primitivo. Ele é conhecido por suas poderosas homilias e por sua habilidade de oratória, por sua denúncia dos abusos cometidos por líderes políticos e eclesiásticos de sua época, por sua “Divina Liturgia” e por suas práticas ascetas. O epíteto Χρυσόστομος (“Chrysostomos”, aportuguesado como “Crisóstomo”) significa “da boca de ouro” em língua grega e lhe foi dado por conta de sua lendária eloquência.
    Já os dois comunistas citados pelo querido amigo Pedro Ferrer não são nem a misera sombra deles.
    Helder Câmara, por exemplo, nos deixou uma Arquidiocese lotada de padres homossexuais, deu azo a movimentos de cunho revolucionários de inspiração marxista, permitiu a existência de um Seminário chamado ITER que o próprio Vaticano determinou seu fechamento diante dos abusos que lá existiam!
    Pedro Casaldaliga ao falar mais parecia um membro de um “Soviet”, nada de bom vultosamente produziu na sua prelazia!
    Esses dois Prelados brasileiros são hoje aclamados não pelos bons católicos, mas por aqueles que se dizem católicos, mas votam em partidos abortistas.
    Hoje todo comunista, todo ateu, todo elemento que visa destruir as verdades católicas cita esses apoiadores de ideologias como exemplos de figuras iluminadas.
    E, quanto a liberdade citada por Pedro Ferrer, apenas, catolicamente, explico-lhe que liberdade só há para os que são submissos a vontade de Deus!
    Dominus Vobiscum, amigo!

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