O ano era 1985.
Pouco tempo depois de receber o título de Cidadão de Olinda, na Câmara Municipal da cidade, o maluco beleza Alceu Valença deparou-se com uma surpresa.
Pasmem, mas uma parte dos 21 vereadores que compunham a Casa Bernardo Vieira de Melo achou que foi ridicularizada porque o artista comparecera para receber o diploma vestido de indígena, descalço e sem camisa.
Ainda, ficaram irritados porque em seu curto discurso Alceu não saudou nominalmente todas as autoridades presentes, como é de praxe nessas solenidades, preferindo se dirigir ao cavalo-marinho, à ema, à burra, à caipora, à jaraguá e ao pica-pau.
Para quem não sabe, essas figuras compõem a manifestação folclórica do bumba-meu-boi e estavam representadas no plenário da casa por fantasias produzidas por artistas populares de Olinda.
Pois bem, sob a liderança do vereador Nicácio Maranhão o grupo buscava a cassação do título de cidadão dado a Alceu.
O melhor, porém, estava por vir: a resposta.
Quando indagado, Alceu disse que recebeu o título “da forma mais digna possível, vestido de caboclinho Caeté, em homenagem aos nossos antepassados, os indígenas que habitavam Olinda”.
“É necessário que se saiba que aquilo é um apelo poético, já que Olinda é a antiga Marim dos Caetés”, afirmou.
E arrematou:
“Trajando caboclinho, estou muito mais solene do que se estivesse trajando paletó e gravata”.
Definitivamente, este é o nosso Maluco Beleza.
A iniciativa dos vereadores não passou de um jogo de cena e Alceu continua mais cidadão de Olinda do que nunca.
É por essas e outras que o legado de Alceu é eterno e a sua obra será sempre atemporal.
Salve Alceu Valença!
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