Figueiredo e a Bandeirantes – por @historia_em_retalhos.

O ano era 1984.

Em janeiro daquele ano, acontecera um evento muito importante da campanha pela redemocratização do país: o megacomício da Praça da Sé, em São Paulo.

Naquele momento, a campanha nacional das “Diretas Já” estava tomando os seus contornos e, no que diz respeito aos veículos de comunicação, ainda havia uma certa divisão: de um lado, os reticentes; de outro, os mais entusiastas.

A Rede Globo, por exemplo, pela primeira vez, difundira as imagens de um comício, porém nas manchetes do Jornal Nacional informou apenas que o acontecimento tinha sido um evento musical por ocasião do aniversário da cidade de São Paulo, não mencionando a natureza política do ato no telejornal de maior audiência do país.

Já a Bandeirantes, por decisão de João Saad, dono da emissora, foi muito mais além: transmitiu ao vivo, a partir das dezenove horas, as imagens do comício no jornal de sua maior audiência em âmbito nacional.

Pois bem.

De acordo com o relato de José Augusto Ribeiro, chefe de redação, “seu João”, como era chamado, reuniu a cúpula do jornalismo e disse:

“Olha, nós temos que pôr essas imagens no ar (…) sejam quais forem as consequências”.

E as consequências, infelizmente, não tardaram.

Na época, Saad tinha obtido todos os pareceres favoráveis para a Bandeirantes ter uma emissora em Brasília e estava aguardando apenas a assinatura do presidente João Figueiredo.

O general, no entanto, chamou Saad em seu gabinete e, fiel ao seu estilo, disse o seguinte:

“Olhe, João, isso aqui é o decreto da tua televisão em Brasília. Olhe o que eu vou fazer com ela”.

E simplesmente rasgou o documento na frente de João Saad.

Nas ditaduras, a primeira vítima sempre é a imprensa.

Pra jamais esquecer.

#ditaduranuncamais
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