Esta grande pedra no lado direito da foto é a “Pedra do Navio”, localizada na Fazenda Algodões, em Floresta-PE.
Tal formação rochosa em formato de uma embarcação situa-se no leito do riacho que leva o seu nome, o famoso “Riacho do Navio”, que inspirou a canção de Zé Dantas e Luiz Gonzaga, gravada em 1955.
O sempre cantado e festejado “Riacho do Navio”, de curso temporário, é um afluente do Rio Pajeú, encontrando-se com ele a 4km ao sul de Floresta/PE.
Mais adiante, na divisa entre Floresta e Itacuruba/PE, o Pajeú derrama as suas águas no São Francisco, que segue o seu curso até desaguar no Oceano Atlântico.
José de Sousa Dantas Filho foi um dos maiores parceiros do Rei do Baião e nasceu em Carnaíba/PE.
Porém, os seus pais tinham uma fazenda no município de Betânia/PE, que era cortada pelo Riacho do Navio, servindo-lhe de inspiração para criar a canção homônima.
Em verdade, esta obra-prima do cancioneiro popular revela a enorme sensibilidade do genial Zé Dantas.
De forma metaforizada, a música propõe a filosofia de voltar para o simples, quando sugere que “se fosse um peixe” trocaria a imensidão do mar pela simplicidade do Riacho do Navio.
Ao ir “direitinho pro Riacho do Navio”, teria vida singela, para ver o seu “Brejinho” (nome da fazenda de seus pais), onde encontraria a passarada, as caçadas, as pegas-de-boi etc.
Se observarmos, o tal peixe de Dantas transcende a figura do seu criador.
Este peixe corajoso e lutador representa bem o homem do campo, sertanejo sofrido, que, na contramão do fluxo migratório, ou seja, “ao contrário do rio”, guarda no fundo da sua alma o desejo de retornar ao seu torrão natal, “saindo lá do mar, pro Riacho do Navio”, “sem rádio e sem notícias das terras civilizadas”.
Que linda poesia popular.
Salvem Zé Dantas e o Rei do Baião.
Um bom São João pra todo mundo, gente.
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