Vida Passada… – Barão de Guaí – por Célio Meira

Joaquim Elísio Pereira Marinho nasceu na Baia, em 1841, no dia 21 de janeiro. Veiu, ao mundo, na riqueza, viveu venturoso, na abastança, e “farto de ouro”, deixou a vida, na direção da Eternidade. Político na terra natal, servindo, fielmente, ao governo da Casa Bragantina, gozando de largo prestígio nos círculos eleitorais, no mundo do comércio e das indústrias, mereceu ,  Joaquim Elísio, conta um biógrafo, aos 38 anos de idade, em 1879, o título de barão de Guaí.

Dois anos mais tarde, em 1831, enviou o povo da Baia, à Câmara Geral, o jovem fidalgo, que não perdeu, nunca, a confiança do seu partido. Não se notabilizou na tribuna parlamentar, mas, constante e patriótico, foi seu trabalho, no seio das comissões.

Em 1887, concedeu-lhe, o governo imperial, o baronato por grandeza. E no ano seguinte, na situação política do partido conservador, que subira, ao poder, em 1885, em virtude da queda do gabinete Saraiva, o barão de Guaí ocupou, no ministério João Alfredo, a pasta da marinha. Foi o 3º ministro desse gabinete, o último reduto das forças conservadoras no regime monárquico. Quando se proclamou a República, dominavam os liberais, chefiados pelo preclaro Visconde de Ouro Preto, que não se apavorou, e nem tremeu, à hora tormentosa, a 15 de novembro de 89, em se abateu o trono do derradeiro  Bragança. Recebeu do governo da Corôa, o ex-ministro da marinha, a honra do viscondado. Foi o visconde de Guaí, informa um historiador, um dos últimos fidalgos agraciados pelo Império. O visconde era ainda, em 89, deputado geral, pelo torrão nativo.

Não aderiu à República. E se não cortejou os dominadores do dia, não lhes deu combate. Retirou-se do cenário político, não deixando, porém,  de acompanhar, com interesse e patriotismo, a evolução natural da grandeza de sua pátria. Estava, entretanto, terminada sua carreira política.

Morreu, esse ilustre homem público da Baia, em 1914, aos 73 anos de idade. Homem da política, do comércio, das indústrias, e da sociedade, deixou o visconde de Guaí, na terra do nascimento, e nas altas rodas sociais cariocas, um nome de larga projeção. Não foi fidalgo, apenas, pelo sangue. Foi fidalgo, antes de tudo, pelo caráter, e pela educação aprimorada.

 

Célio Meira – escritor e jornalista. 

LIVRO VIDA PASSADA…, secção diária, de notas biográficas, iniciada no dia 14 de julho de 1938, na “Folha da Manhã”, do Recife, edição das 16 horas. Reúno, neste 1º volume, as notas publicadas, no período de Janeiro a Junho deste ano. Escrevi-as, usando o pseudônimo – Lio – em estilo simples, destinada ao povo. Representam, antes de tudo, trabalho modesto de divulgação histórica. Setembro de 1939 – Célio Meira.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *